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Os maus negócios imobiliários que arruinaram Vítor Baía
GTRES

Depois de uma carreira de sucesso enquanto futebolista, Vítor Baía pendurou as chuteiras e apostou no mercado imobiliário, mas essa aventura correu menos bem. O antigo guarda-redes do FC Porto acumulou dívidas, foi penhorado e teve de vender casas e carros para fazer face ao aperto financeiro.

Segundo o i, que consultou registos das conservatórias, há pelo menos sete processos contra empresas do ex-futebolista por pagamentos em atraso. Ainda assim, esta semana o agora comentador desportivo livrou-se de uma dívida, já que a CGD e a construtora Casais chegaram a acordo para desbloquear o imbróglio com o hotel de luxo em Évora que Baía construiu. O antigo guarda-redes da seleção nacional ficou sem o empreendimento, mas livrou-se de dívidas de 14 milhões de euros.

A vida empresarial de Baía começou em 2005, ano em que o então guarda-redes portista abriu várias empresas. Criou uma holding denominada Ambigrama, para gerir participações sociais em múltiplos negócios. Debaixo desta empresa-chapéu estavam outras sociedades controladas pelo antigo jogador e empresas onde Baía tinha interesses, como no vestuário e na restauração, escreve a publicação.

Uma das empresas, também criada no verão de 2005, era a Stronghouse, estabelecida em parceria com o sócio António Esteves, um economista e antigo homem de confiança que Baía acusou de burla nestes negócios. Baía ficou com 90% desta empresa de imobiliário que, por sua vez, detinha a Perdiganito, que iria criar um hotel de luxo em Évora. As contas acabaram por desequilibrar a relação.  

O projeto ficou pronto em 2012, mas a construtora apresentou uma fatura por trabalhos extra que Baía não quis pagar. Foi por esta altura que Baía apresentou uma denúncia na Polícia Judiciária (OJ) contra António Esteves, por suspeita de desfalques superiores a 10 milhões de euros em negócios imobiliários. Na altura, o Jornal de Notícias escreveu que estavam em causa lotes industriais em Aveleda, Vila do Conde, lojas no Porto e no hotel em Évora, tendo a PJ começado a investigar os crimes de burla e abuso de confiança.  

O i escreve agora, baseando-se nos relatórios a que teve acesso, que entre os credores da empresa estavam a Enescoord, a empresa que fez o projeto, e o Horto do Campo Grande, responsável pelos espaços verdes. Mas o processo mais bicudo era o da Casais, a empresa de Braga que construiu o empreendimento. Sem dinheiro para fazer face aos encargos exigidos, Baía foi confrontado com várias ações em tribunal, sem que o hotel de Évora iniciasse atividade.  

Outros problemas no setor imobiliário

A este problema juntaram-se outros no ramo imobiliário. Vítor Baía tinha obtido financiamento do BPN para outros projetos e as prestações dos empréstimos começaram a pesar. Através da Cleal e da Sunderel, Baía pediu dez milhões de euros ao banco de Oliveira e Costa. Apesar de alegar que foi burlado pelo sócio nos negócios imobiliários, o empresário negou e esse processo ainda hoje corre nos tribunais. Mas a conta tinha de ser paga e a Casais chegou a pedir a insolvência da holding de Vítor Baía, a Ambigrama.  

Perante este cenário, Baía foi forçado a vender o património: desfez-se, por exemplo, de um Porsche, de um Mercedes e de várias casas – vendeu uma no Gerês e outra no Brasil –, refere o i, citando o Correio da Manhã.

A moradia em que habitava, na Foz do Douro, foi também vendida ao médico Fernando Póvoas, embora esta transação tenha gerado problemas devido à separação. Baía foi até acusado de furto quando Elisabete Carvalho alegou que o antigo futebolista havia levado joias, quadros, dinheiro, televisores, aparelhagem e um computador da casa onde ambos moraram no Porto.  

Apesar da venda do imóvel a Fernando Póvoas, Elisabete não desocupou a casa, o que obrigou o médico a uma batalha judicial para tomar posse efetiva da habitação, que só foi entregue ao novo proprietário em 2014.

Com as dívidas à Casais e aos bancos, o ex-jogador terá chegado a ter encargos de 100.000 euros por mês. Entre dívidas à CGD, que herdou os créditos problemáticos do BPN quando foi nacionalizado, e à Casais, juros de mora e outros encargos, a fatura total era já de 14 milhões de euros. Uma dívida da qual agora Baía se livrou. Segundo o i, que cita o Jornal de Notícias, o jogador cede o empreendimento em Évora, em favor de um fundo de investimento controlado pelo banco público, e a dívida é anulada, pelo que o empreendimento pode ser vendido ou começar a trabalhar, com a Casais a receber algumas verbas com o acordo.  

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