Grupo pertence ao investidor sul-africano Mark Shuttleworth, que anunciou o fim dos investimentos e a saída da ilha.
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Hotel em São Tomé e Princípe
Créditos: Grupo HBD
Lusa
Lusa

O Governo e os partidos da ilha do Príncipe assinaram um acordo para restabelecer a parceria com o grupo HBD Príncipe. O grupo pertence ao investidor sul-africano Mark Shuttleworth, que anunciou o fim dos investimentos e saída da ilha face a acusações de ações neocolonialistas.

“O Governo Regional e as forças políticas, comprometem-se em tudo fazer, para restabelecer a parceria com o grupo HBD, num ambiente de equilíbrio e respeito mutuo e de boa-fé”, lê-se no documento datado de quarta-feira (15 de outubro de 2025), a que a Lusa teve acesso.

Os signatários referiram que “após uma profunda reflexão” decidiram que “os interesses do Príncipe, estão acima dos interesses pessoais, político-partidários” e reconhecem “a importância do investidor Mark [Shuttleworth] para o desenvolvimento sustentável do Príncipe”.

Além disso, referiram que ficou constituída “uma plataforma alargada de entendimento entre o Governo Regional e as forças políticas, com objetivo de promover um diálogo permanente para busca contínua de consenso para os assuntos relevantes do interesse da Região”.

“Mark é um investidor que todo o Príncipe confia e tem prova dada, por isso reunimos aqui para passar essa menagem para o investidor e de forma também a fazê-lo retroceder na intenção [de abandonar a ilha]”, sublinhou Nestor Umbelina, líder do Movimento Verde para Desenvolvimento do Príncipe (MVDP), na oposição regional.

“Este é o espírito necessário para demonstrarmos que os interesses da Região Autónoma do Príncipe estão acima de qualquer interesse político partidário […] é um instrumento que vai contribuir de forma significativa para essa mensagem de confiança e demonstrarmos ao investidos uma vontade de todos em continuarmos com o seu projeto no Príncipe”, referiu o presidente do Governo Regional do Príncipe, Filipe Nascimento.

Na quinta-feira, os funcionários da HBD realizaram uma marcha pacífica na cidade de Santo António e pediram também a continuidade da HBD no Príncipe.

“Achamos que o projeto tem grande impacto não só no Príncipe, mas também em São Tomé […] Queremos que o projeto continue pelo bem do Príncipe, pela sustentabilidade”, declarou uma das funcionárias durante a marcha.

A empresa HBD Príncipe, do sul-africano Mark Shuttleworth, o maior investimento turístico no Príncipe, comunicou às autoridades regionais a decisão de cessar os investimentos e sair da ilha face a acusações de ações neocolonialistas.

“Se existem fações de liderança fortes que acreditam que o nosso trabalho é feito de má-fé, com intenções neocoloniais, então seria melhor retirar-nos por respeito à autonomia do Príncipe. A minha equipa e eu sentimos que atualmente somos vistos como benfeitores e sacos de pancada, conforme o que for mais conveniente no momento”, referiu Mark Shuttleworth, na carta enviada ao presidente do governo da Região Autónoma do Príncipe, Filipe Nascimento.

A HBD é a maior empresa na ilha do Príncipe com vários investimentos no setor do turismo, garantindo emprego a centenas de pessoas na ilha, além de apoiar a construção e reabilitação de várias infraestruturas.

O empresário garantiu que o objetivo do trabalho no Príncipe, iniciado em 2010, “nunca foi comercial” e por isso não insistirá para manter os negócios na ilha.

“Por esse motivo, tomei a decisão de solicitar à minha equipa que procure investidores alternativos que possam levar adiante esses negócios com melhor aprovação da liderança do Príncipe e discutir o processo pelo qual encerraríamos graciosamente os investimentos em ecoturismo e agricultura da HBD no Príncipe. Solicitei à minha equipa que trabalhe com o seu governo para tornar essa transição, de volta às mãos do Príncipe, tranquila”, lê-se.

Na terça-feira, o presidente do Governo Regional do Príncipe prometeu tudo fazer para convencer a empresa HBD Príncipe a não cessar os investimentos e sair da ilha e lamentou “abordagens tristes e irresponsáveis” dos últimos tempos, que atribuiu a forças políticas, dirigentes políticos e algumas fontes noticiosas do país contra a empresa, para “tentar tirar dividendos políticos”.

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