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Caso Huawei: guia para entender a “guerra fria” tecnológica entre os EUA e China
GTRES

Está aberta a “guerra fria” tecnológica entre os EUA e a China. O pontapé de saída foi dado pela Google que, cumprindo uma ordem executiva do governo norte-americano, viu-se obrigada a suspender o fornecimento de componentes e serviços à chinesa Huawei. Seguiram-se outros fornecedores. Entretanto, os EUA recuaram na decisão, e concederam uma série de exceções temporárias às sanções aplicadas contra o conglomerado chinês por um período transitório de 90 dias. Afinal, o que está em causa? Explicamos-te tudo.

O que se passa entre os EUA e a Huawei?

O corte de relações entre a Google e Huawei pôs o mercado em estado de alerta esta segunda-feira, 20 de maio de 2019. Em causa estava uma ordem executiva do presidente dos EUA, Donald Trump, que na semana passada colocou a gigante chinesa na “lista negra” de organizações com as quais as empresas norte-americanas não podem fazer negócio, por suspeitas de espionagem (a favor de Pequim) que têm vindo a ser levantadas contra a gigante chinesa. Washington receia que o grupo seja um “cavalo de Tróia” da China.

Um relatório publicado pelos serviços de inteligência do Governo norte-americano em 2012 classificou a Huawei e a ZTE como potenciais ameaças à segurança, referindo não existirem evidências que aliviem os receios de que estas empresas estão sujeitas a pressões políticas no seu país de origem, conta a Bloomberg.

Que impacto tem a decisão norte-americana?

A Huawei entrou para a lista de algumas empresas consideradas “de risco” para a segurança nacional dos EUA, ficando impedida de aceder a alguns serviços do Android e das suas aplicações Gmail ou Google Maps. Depois da Google, a Qualcomm, Intel, e outras empresas rapidamente começaram a congelar o fornecimento de software e componentes fundamentais para a chinesa, colocando em causa a capacidade da empresa chinesa fabricar os seus produtos.

Na prática, os utilizadores com telemóveis Huawei em todo o mundo deixarão de receber, de imediato, as atualizações ao sistema operativo Android que sejam lançadas pela Google.

Esta ação, diz a Bloomberg, pode ainda atrasar o desenvolvimento das redes 5G em todo o mundo e levar vários países a optarem pelos equipamentos mais caros de outras companhias, como a Nokia e a Ericsson.

Quem é a Huawei e qual a sua posição?

A Huawei é maiores empresas privadas do mundo, com posições de liderança nos segmentos de equipamentos de telecomunicações, smartphones, cloud computing e cibersegurança. Marca presença na Ásia, Europa e África e aplicou “milhares de milhões de dólares no desenvolvimento do 5G”, sendo agora uma das empresas chinesas com o maior número de patentes, segundo o perfil traçado pela Bloomberg.

A gigante tem negado repetidamente que ajuda Pequim a espionar outros governos ou empresas, argumentando que ninguém apresentou provas capazes de suportar tais acusações.

Tenho um telefone Huawei. E agora?

Para já, nada muda. Os atuais telemóveis da empresa chinesa continuam a ter acesso a atualizações de aplicações e de problemas de segurança, assim como a atualizações de serviços fornecidos através do Google Play.

Se o “shutdown” avançar, no futuro os equipamentos poderão não vir a ter acesso à próxima versão do sistema operativo Android. Na prática, a Huawei não necessitará de abdicar do Android, mas tornar-se-á dos poucos fabricantes a fazê-lo sem uma parceria com o Google. Para isso terá de adaptar o sistema aos seus dispositivos e também terá de encontrar alternativas para todas as aplicações e serviços da empresa americana.

Reviravolta no jogo: EUA recuam e dão 90 dias à Huawei

Primeiro a “bomba” e depois o antídoto: o governo norte-americano decidiu pôr travão ao clima de tensão com os chineses, concedendo três meses às empresas norte-americanas para “acertarem agulhas” com a Huawei, que se tornou a segunda maior empresa de telemóveis do mundo. A notícia foi avançada esta terça-feira, 21 de maio, pela CNBC.

Agora, a Huawei está em negociações com a Google para tentar encontrar uma solução às restrições impostas pela administração norte-americana, segundo as declarações do fundador da gigante de telecomunicações chinesa Ren Zhengfei. “A Google é uma boa empresa e altamente responsável. A Google e a Huawei estão em discussão para tentar encontrar uma resposta”, adiantou o responsável, citado pela Lusa.

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