O prémio de arquitetura Mies van der Rohe conta com três projetos portugueses entre os 40 selecionados dos quais sairá a lista de finalistas a anunciar em fevereiro, segundo a informação avançada pela organização do mais importante galardão europeu do setor.
Os três projetos selecionados para a lista de onde sairão os finalistas do prémio atribuído pela Comissão Europeia e a Fundação Mies van der Rohe são:
- O Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, de Paulo Moreira;
- O Edifício General Silveira, no Porto, de Tiago Antero e Vítor Fernandes;
- e o Posto de Turismo do Piódão, em Arganil, distrito de Coimbra, por João Branco e Paula del Río.
As 40 obras de arquitetura agora escolhidas estão distribuídas por 38 cidades europeias em 33 regiões e 20 países, segundo a organização.
Nesta edição, os prémios Mies van der Rohe 2024 visam "os melhores projetos" completados entre abril de 2021 e maio de 2023, procurando “refletir sobre os desafios atualmente enfrentados por cidadãos, arquitetos, clientes, empreiteiros, decisores políticos e outros profissionais, no contexto do Pacto Ecológico Europeu”.
O Prémio Mies van der Rohe toma o nome do arquiteto de origem alemã que dirigiu a Bauhaus no início da década de 1930. Após a subida das forças nazis de Hiltler ao poder, em 1933, refugiou-se nos Estados Unidos, onde obteve a nacionalidade norte-americana, estando na origem da chamada Segunda Escola de Chicago e do atual Instituto de Tecnologia do Illinois (IIT).
Os finalistas do prémio serão anunciados em fevereiro, os vencedores serão conhecidos em abril, e a entrega realizar-se-á durante um programa a decorrer nos dias 13 e 14 de maio, na Fundação Mies van der Rohe, em Barcelona.
Mies van der Rohe 2024: os 3 projetos nacionais nomeados
Caminho das Escadinhas, em Matosinhos, de Paulo Moreira
"O Caminho das Escadinhas é um projeto que une arquitetura, arte e o mundo natural. Trata-se de uma rede de percursos pedonais que liga o bairro montanhoso de Monte Xisto às margens do rio Leça, em Matosinhos. A iniciativa pretende demonstrar o valor acrescentado que os projetos de baixo orçamento podem trazer a espaços urbanos mais "escondidos" e negligenciados nas nossas cidades", refere a descrição do projeto no site do atelier Paulo Moreira Architectures.
"Na primeira fase da obra, foram reabilitados os degraus que conduzem à Rua das Escadinhas, um dispositivo urbanístico invulgar que liga os níveis superior e inferior da colina ocidental do Monte Xisto. Os degraus e corrimão foram reparados e um novo limite entre os degraus públicos e o terreno privado adjacente foi criado na forma de bancos, permitindo que as escadas fossem usadas como local de descanso", lê-se ainda.

Edifício General Silveira, no Porto, de Tiago Antero e Vítor Fernandes
Trata-se de um edifício de habitação coletiva composto por quatro apartamentos. "Esquematicamente, propõe-se um edifício composto por dois volumes para cada uma das ruas com um pátio recortado no interior do quarteirão, com uma caixa de escadas central que se assume como peça fulcral do projecto, não apenas pelo impacto indelével na perceção do espaço, mas acima de tudo, por ser este o elemento que define as cotas do edifício, e, por sua vez, todas as relações altimétricas com a envolvente, nomeadamente com cornijas, beirados, trapeiras, varandas, altura de vãos e pisos e embasamento de granito", lê-se na descrição do projeto do atelier ATA - Atelier Tiago Antero.

Posto de Turismo do Piódão, em Arganil, por João Branco e Paula del Río
O Piódão é uma das aldeias históricas mais famosas de Portugal. "Forma um anfiteatro de casas de xisto percorrido por pequenas ruas íngremes e estreitas. O Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, na parte mais baixa, é o único espaço aberto, horizontal e desafogado e serve como principal acesso à aldeia", tal como explica o atelier Branco Del-Rio.
O projeto para o Posto de Turismo propôs duas ações principais:
- "Em primeiro lugar, uma plantação de cerejeiras à entrada impede a passagem de carros e aparta e protege a praça da estrada. Este filtro vegetal muda a sequência de chegada: após a primeira descoberta da aldeia, que é feita de carro, ao longe, em que se reconhece a sua colocação paisagística, as árvores adiam a segunda ordem de entendimento do conjunto: a aparição do alçado da aldeia, desde a sua base".

- "A segunda operação é a nova pavimentação do espaço, resolvida em xisto a cutelo, sem desníveis nem lancis, para reforçar o novo caráter pedonal. A complexidade formal do espaço, que carece de direccionalidade, é resolvida com a introdução de um grande círculo central, a eixo da igreja, que circunscreve o busto e as árvores existentes. Os diferentes elementos que conformam a praça: a fachada da Igreja Matriz e o embasamento de pedra em que esta assenta, o posto de turismo e as pequenas casas com restaurantes e cafés dispõem-se em redor desta nova centralidade suave".
*Com Lusa
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