O arquiteto japonês, que redesenhou o Centro de Arte Moderna Gulbenkian, defende uma maior integração da natureza na arquitetura.
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Kengo Kuma
Getty images

O arquiteto Kengo Kuma, responsável por redesenhar o novo Centro de Arte Moderna Gulbenkian (CAM), em Lisboa, que abrirá portas ao público a 21 de setembro de 2024, é um forte defensor da integração da natureza dentro dos edifícios, e acredita que este é um bom exemplo daquilo que se pode fazer com um espaço. “Não precisamos de um edifício maior, mas de um que seja fora da caixa, que seja flexível e que dê às pessoas a liberdade de fazer o que quiserem dentro dele”, defende.

Em entrevista à revista espanhola AD, na qual explora e apresenta o novo CAM, Kengo Kuma salienta a importância de tornar a arquitetura mais gentil com a natureza e de que forma está a incorporá-la nos seus projetos. Para o arquiteto, os “espaços fechados não são saudáveis e produzem stress mental e físico”.

O japonês considera, portanto, que a cidade precisa de espaços como estes enquanto lugares de comunicação e de encontro, que apelida de "salas de estar da cidade".

CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian
CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian

“Depois da pandemia, comecei a pensar que deveríamos fugir dessas “caixas”. A partir do século XX, as pessoas passaram a viver em locais fechados, mas antes disso desfrutavam de locais abertos, com luz, o que é muito mais saudável para os humanos, e a Covid-19 lembrou-nos dessa importância”, frisa o responsável.

“Desde então, uma das coisas que começamos a fazer cada vez mais é projetar espaços semi-cobertos, que nos podem proteger, por exemplo, da luz forte em países como Espanha ou Portugal e de tufões no Japão”, acrescenta. Além disso, privilegia, cada vez mais os materiais naturais e macios, como papel e tecidos, em detrimento do betão.

Aos mais jovens, o arquiteto japonês deixa ainda um conselho: reconsiderar a natureza na sua essência, fundamental para enfrentar o ritmo acelerado em que vivemos.

Centro de Arte Moderna Gulbenkian volta a abrir dia 21 de setembro em fusão com a cidade

Quanto ao CAM, Kengo Kuma e os seus arquitetos associados em Portugal, o atelier portuense OODA, tinham duas obsessões: conseguir mais espaço, evitando o grandioso e estabelecer uma maior ligação entre o edifício, o jardim, Lisboa e os seus cidadãos. 

Criado para acolher o legado do colecionador e filantropo Calouste Gulbenkian, o museu volta a abrir as portas, com uma entrada com jardins mais extensos, que dialogam com a floresta original e que são para Kuma “a alma do edifício”. Idealizados pelo paisagista Vladimir Djurovic utilizando apenas espécies nativas, possuem lago e móveis no estilo dos Jardins de Luxemburgo parisienses. A fachada, a parte mais emblemática e kumaniana do edifício, é inspirada nos 'engawa', os passadiços típicos das casas tradicionais japonesas que namoram entre o exterior e o interior, tal como conta a AD.

A artista portuguesa Leonor Antunes será responsável pela inauguração do "novo" CAM com uma instalação site specific.

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