Projeto de Habitação a Custos Controlados com 48 apartamentos está a nascer na Amadora. Foi ganho em concurso público pelo Grupo Casais.
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Gonçalo Lopes
Gonçalo Lopes

A resposta à crise na habitação – ou crise de acesso à habitação, como a ela se referem vários especialistas do setor imobiliário – que se vive em Portugal passa (também) pela necessidade urgente de aumentar a oferta de casas no mercado. Procura há, e muita, mas são precisas mais habitações, nomeadamente a preços acessíveis. E neste ponto a construção industrializada afirma-se como uma solução cada vez mais a ter em conta. Na Amadora (periferia de Lisboa), há um projeto de Habitação a Custos Controlados (HCC) a sair do papel à velocidade da luz, graças a um sistema de construção híbrida que alia a madeira e o betão. “É um dos caminhos para conseguirmos fazer habitação mais rápido”, conta ao idealista/news Henrique Martins, Diretor de Obra da Casais Construction.

A visita técnica à obra da Habitação Municipal no Cerrado da Mira, localizada na freguesia de Mina de Água, no município da Amadora, realizou-se dia 10 de julho de 2025, sendo esta uma empreitada a cargo do Grupo Casais, que a ganhou na sequência de um concurso público. O promotor (dono da obra) é a Câmara Municipal da Amadora, tratando-se de um projeto de HCC que está a nascer num terreno com uma área bruta de construção de cerca de 2.500 metros quadrados (m2).

São, ao todo, 48 apartamentos – 46 T1 e dois T2 – que estão a nascer num edifício que terá três pisos acima da cota de soleira, uma cave com estacionamento coberto e um estacionamento exterior ao nível do piso 0. Os trabalhos decorrem a grande velocidade, como constatou o idealista/news, e o empreendimento estará construído em pouco mais de um ano. 

Construção híbrida de casas
Está previsto que o projeto fique concluído em abril de 2026 Créditos: Grupo Casais

Projeto com 48 casas concluído em cerca de um ano

“Trata-se de uma conceção-construção e foi uma obra que ganhámos em concurso público em outubro do ano passado. Iniciámos a obra em fevereiro”, revela Henrique Martins. “A previsão que temos para concluir a empreitada é abril do próximo ano”, acrescenta. 

O sistema híbrido de construção, recorde-se, consiste numa solução que alia madeira e betão, sendo mais sustentável e passível de acelerar o processo de construção comparativamente com o modelo tradicional. Em causa está uma solução de construção industrializada, em que parte de madeira é desenvolvida e feita em fábrica, sendo montada, depois, no local da obra. O cheiro a madeira, de resto, é bem sentido durante toda a visita ao empreendimento.

"O que esta obra tem de inovador é um sistema estrutural distinto, híbrido, que é composto por elementos de madeira e betão"

“O que esta obra tem de inovador é um sistema estrutural distinto, híbrido, que é composto por elementos de madeira e betão. No fundo, é constituído com uma componente que é feita de forma tradicional e outra por este sistema [designado CREE], que a Casais detém a patente. No fundo, executamos de forma tradicional as fundações e os núcleos dos elevadores, que são elementos feitos em betão armado, o processo tradicional. Quando vamos para a parte da construção das fachadas e das lajes de cada piso, executamos fachadas com pilares de madeira e elementos em betão, que já vêm acabadas, com caixilhos colocados, e executamos também lajes com vigas de madeira e uma lâmina de betão de compressão”, explica o engenheiro. 

Construção híbrida de casas
Obras começaram em fevereiro Créditos: Grupo Casais

Sobre o uso da madeira, desfaz-se em elogios: “É um elemento sustentável, algo que contribui também para a redução da pegada ecológica do edifício. Torna-o edifício mais leve e, no entanto, cumprimos todas as exigências normativas e legais do ponto de vista da resistência estrutural, ao fogo etc.”. 

De acordo com o Grupo Casais, está em causa um modelo de construção que apresenta também vantagens ambientais, permitindo a redução da pegada de carbono em 60%, devido ao uso de madeira de engenharia e de apenas 1/3 do betão comparativamente com um edifício tradicional.

Casas novas na Amadora
Render do projeto Créditos: Grupo Casais

“Um dos caminhos para fazer habitação mais rápido”

Aquando da visita do idealista/news à obra estava a decorrer a montagem do segundo piso do edifício, tendo o primeiro sido montado na semana anterior. “O objetivo é estarmos a montar um piso por semana, portanto, ao fim de três semanas temos o edifício montado, isto é, com fachadas colocadas, com as lajes de três pisos, que inclui a cobertura e ainda platibandas”, explica Henrique Martins, adiantando que em termos de prazos a construção industrializada permite conseguir uma economia de tempo de 50% a 70%. 

E será que esta solução de construção híbrida e/ou industrializada devia ser replicada por mais autarquias e mesmo pelo setor privado de forma a aumentar a oferta de casas no mercado mais rapidamente? “É capaz de trazer uma grande mais-valia e dar resposta a um problema que o mercado tem”, antecipa o especialista. E explica porquê: “Traz celeridade a todo o processo, elimina a necessidade de tantos concursos. Agrega, daí a vantagem da conceção-construção. Esta obra é prova disso, foi adjudicada com concurso público para conceção-construção em outubro, vai estar terminada em abril, pouco mais de um ano e alguns meses depois de ter sido começada. Portanto, sim, diria que é um dos caminhos para conseguir fazer habitação mais rápido”.

"Esta obra foi adjudicada com concurso público para conceção-construção em outubro, vai estar terminada em abril, pouco mais de um ano e alguns meses depois de ter sido começada. Portanto, sim, diria que é um dos caminhos para conseguir fazer habitação mais rápido”

Este não é, de resto, o primeiro projeto desenvolvido pelo Grupo Casais com recursos a construção industrializada. A empresa já concluiu, por exemplo, os seguintes projetos: The First Guimarães (hotel, escritórios e habitação); B&B Hotel Madrid – Tres Cantos; Residência Académica de Valença.

Construção híbrida de casas na Amadora
Render do projeto Créditos: Grupo Casais

Em desenvolvimento estão ainda, entre outros, os seguintes projetos:

  • Residência Universitária de Beja;
  • Residência Universitária da Confiança, em Braga;
  • Residência Campus ISCTE, em Lisboa;
  • Habitação a Custos Controlados em Valongo;

Trata-se de um sistema de híbrido de construção com “provas dadas”, salienta Henrique Martins, reforçando a ideia de que este “é um caminho” tendo em vista o aumento da oferta de casas no mercado. “Nós, Grupo Casais, estamos a desenvolver e a querer fazer parte ativa na solução de um problema muito real”, remata. 

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