Quem será o novo governador do BdP e quanto custará a nova sede?

O Banco de Portugal (BdP) tem marcado a agenda noticiosa nos últimos dias. Desde logo porque o Governo vai anunciar o novo governador do supervisor português esta quinta-feira, dia 24 de julho. E, depois, porque a nova sede do BdP em Entrecampos, Lisboa, pode afinal custar mais de 235 milhões de euros, ao invés dos 192 milhões de euros inicialmente previstos.

A dias de o país conhecer quem será o novo governador do Banco de Portugal, o Observador noticia que a futura sede do banco central em Entrecampos, que vai ser construída nos antigos terrenos da Feira Popular de Lisboa, poderá ficar bem mais cara do que havia sido anunciado. 

Depois de ter assinado o contrato de promessa de compra e venda da nova sede com a Fidelidade a 2 de maio, o BdP revelou que o edifício iria requerer um investimento de 192 milhões de euros. Mas, segundo o mesmo jornal, este valor diz respeito apenas a obras estruturais. A este montante devem ser somadas ainda as despesas com os acabamentos do edifício, pelo que o custo total do projeto pode ficar entre 235 milhões e 280 milhões de euros. 

A par de tudo isso, o mesmo meio revela que os relatórios de ‘due diligence’ técnico e jurídico encomendados pelo BdP alertam para 16 contingências de “alto risco” que podem vir a colocar em causa o negócio, que só será concretizado no final de 2027. Em causa estão incertezas sobre a conclusão do licenciamento da nova sede, a possibilidade de o estacionamento do edifício ser sujeito a avaliação de impacte ambiental e ainda a potencial necessidade de alterar o uso autorizado de comércio para serviços.

Já o BdP defendeu que cumpre todas as normas e regulamentos no processo de compra da nova sede, em Lisboa, e que isso mesmo foi assegurado no contrato feito com a Fidelidade. "O Banco de Portugal deu, por ocasião da celebração do contrato promessa de compra e venda, e continuará a dar até à celebração do respetivo contrato definitivo, pleno cumprimento aos normativos legais e regulamentares aplicáveis", disse fonte oficial do Banco de Portugal à Lusa.

Em resposta a questões da Lusa, o Banco de Portugal não indicou o preço total estimado para a nova sede, referindo apenas que "o preço de aquisição do edifício seguiu a avaliação pericial independente mais baixa, entre as solicitadas pelo Banco de Portugal".

Quanto aos alertas feitos por técnicos, disse o banco central que em todo o processo "foram adotados procedimentos e diligências de cariz técnico conforme as melhores práticas nacionais e internacionais, de rigoroso controlo da legalidade, configuração financeira e patrimonial da operação". E caberá aos promotores do edifício "cumprimento das normas legais e regulamentares em vigor relativamente à operação e construção dos edifícios projetados" e que só após verificado isso mesmo será assinado o contrato definitivo.
 

Mandato de Mário Centeno enquanto governador do BdP terminou no domingo Getty images

Novo governador do Banco de Portugal será conhecido quinta-feira

O mandato de Mário Centeno enquanto governador do BdP terminou este domingo, dia 20 de julho. Mas só esta quinta-feira, dia 24 de julho, é que o Governo vai indicar o nome do novo governador do BdP, após a reunião do Conselho de Ministros, tal como anunciou o primeiro-ministro.

Luís Montenegro não indicou qualquer nome para suceder a Centeno, mas, questionado sobre o perfil para o cargo, sublinhou que “o perfil do governador do Banco de Portugal não muda com o tempo”. “É sempre o mesmo”, disse, acrescentando que “terá de ser e é uma pessoa competente, uma pessoa que garanta tudo aquilo que é o cumprimento das funções de um banco central, naquilo que é a arquitetura que hoje à escala europeia também está definida”.

Ao que tudo indica, Mário Centeno não vai ser reconduzido enquanto governador do BdP por mais cinco anos, segundo avança o NOW citando fonte governamental. Esta informação contraria as últimas notícias, que davam contam que haveria a possibilidade de Centeno ser reconduzido no cargo de governador do BdP, com Montenegro a elogiar o perfil do ex-ministro das Finanças do Governo socialista de António Costa em declarações à RTP.

Se assim for, esta não será uma decisão do agrado dos socialistas. No domingo, José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, considerou que na escolha para o cargo de governador do BdP “o que deve imperar é o interesse nacional” e lembrou que “o estatuto de Mário Centeno deve ser aproveitado”. “Vamos aguardar pela decisão do Governo. É evidente que o doutor Mário Centeno tem um prestígio no país e tem um prestígio internacional (…). Este estatuto deve, do meu ponto de vista, ser aproveitado pelo país. Não aproveitar este estatuto, este prestígio, significa não defender convenientemente o interesse do nosso país”, referiu.

Note-se que o nome do próximo governador é indicado pelo Governo, mas tem depois de passar pela Assembleia da República para uma audição, e as comissões parlamentares apenas funcionam até à próxima sexta-feira, dia 25 de julho, indo depois para férias parlamentares.

*Com Lusa

*Notícia atualizada dia 22 de julho, às 8h35, com a posição do BdP sobre a nova sede e novidades sobre a recondução de Centeno ao cargo de governador