Lisboa e Porto continuam a ser as cidades com mais habitantes em Portugal, mas não são as que estão a atrair mais novos moradores. A liderar esse ranking encontra-se o Montijo (Setúbal), que passou a ter mais 9.000 moradores nos últimos cinco anos, o que se traduziu num aumento populacional de 18%. Em causa estão dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo o Diário de Notícias, a esmagadora maioria dos novos moradores do Montijo são jovens casais de Lisboa, que aqui encontram casas mais baratas. Paralelamente, estão a 20 minutos da capital, atravessando a Ponte Vasco da Gama, inaugurada em 1998, pelo preço atual de 2,65 euros. Atualmente, o concelho do Montijo tem cerca de 52.000 habitantes.
“Se a Ponte Vasco da Gama não existisse, nunca podíamos pensar em instalar um negócio no Montijo”, disse Sónia Ferreira, administradora de uma empresa que se dedica à transformação de carnes e que em 2009 se mudou da Malveira para uma casa no Montijo, juntamente com os pais e o irmão. “A localização da fábrica até é um bocado deslocada, porque o nosso negócio está do Tejo para cima. Mas como encontrámos aqui uma centralidade proporcionada pela ponte, decidimos investir num espaço que só aparece em cada 20 anos”, justificou a representante da Carmoti. Trata-se de uma fábrica que ardeu em agosto de 2013, mas que foi recuperada, tendo sido assegurados os 200 postos de trabalho – e prevê contratar mais 90 pessoas.
Já Pedro Cunha Vaz, que viveu 32 anos em Lisboa, mudou-se para o Montijo sem pensar duas vezes. “Vivo sozinho e já não aguentava Lisboa. 800 euros de renda de casa, mais 80 de transportes públicos”, referiu, salientando que os seus gastos diminuíram bastante, mesmo tendo de atravessar a Ponte Vasco da Gama. Ao mesmo tempo, conta que a oferta de emprego também está a aumentar fora de Lisboa.
O autarca Nuno Canita mostrou-se contente com esta evolução populacional, revelando que o aumento foi ainda maior no último ano. O responsável não quer, no entanto, que o Montijo seja apenas um dormitório de Lisboa: “A ponte deu-nos centralidade, mas precisamos de investimento que fixe esta gente, para sermos complementares a Lisboa. Queremos que os novos moradores sintam o Montijo como seu”.
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