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Até há bem pouco tempo Lisboa estava adormecida. Num sopro, tudo mudou. Os turistas invadiram a cidade. Os edifícios, antes abandonados, ganharam vida. Os restaurantes e bares multiplicaram-se e deram novo impulso à capital. Lisboa renasceu e está a ferver, mas a que preço para os seus residentes?

Lisboa está na moda. Os tempos de crise “já lá vão”, segundo o jornal americano The New York Times (NYT), que dedicou um artigo à cidade das sete colinas. A publicação fala de uma urbe próspera, invadida por turistas, mas coloca uma questão controversa: quem ganha e quem sai a perder com estas mudanças?

O país do velho continente, que viveu uma profunda crise económica, recuperou. A taxa de desemprego caiu, as exportações aceleraram e o investimento estrangeiro passou da exceção à regra, muito alimentado pelos golden visa. Mas nem tudo são boas notícias. O jornal americano refere que a média dos rendimentos dos portugueses “ainda é de 850 euros” e que os preços dos imóveis na cidade de Lisboa aumentaram 30% em “apenas dois anos”.

Uma cidade a duas velocidades

A publicação cita Ana Drago, ex-deputada do BE, que fala de uma “crise imobiliária em Lisboa”. "A estratégia de Portugal para sair da crise foi atrair investimentos estrangeiros, algo que resolveu um grande problema financeiro, mas que também está a levantar novas questões para a população”, disse. O jornal americano descreve uma cidade a duas velocidades e fala de um “lado triste para quase todas as histórias felizes”, referindo-se aos antigos moradores de Lisboa “menos privilegiados”, que estão a ser forçados a abandonar o centro histórico da cidade.

Luis Mendes, geógrafo urbano e membro da plataforma “Morar em Lisboa” tem lutado para travar a nova realidade dos despejos. O especialista teme que Lisboa "mate a galinha dos ovos de ouro" que a tornou tão atraente para os visitantes. “Se estamos a expulsar os antigos moradores e a criando condomínios fechados para os ricos, então o que é que vamos mostrar aos turistas que esperam ver a vida tradicional portuguesa nas nossas ruas?”, questionou Luís Mendes, citado pelo NYT.

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