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Encontrar casa através do programa de rendas acessíveis? Mais de 50% da população não consegue
Photo by Jacek Dylag on Unsplash

Em dois meses foram celebrados 20 contratos no âmbito do Programa de Arrendamento Acessível (PAA), direcionado às famílias de classe média com dificuldades em encontrar casa a preços acessíveis. Mas, afinal, será que uma família com rendimentos medianos tem capacidade para aceder a um apartamento considerado mediano? Um estudo recente conclui que, no caso de Lisboa, 80% da população não conseguiria encontrar casa ao abrigo deste programa. Cerca de 70% da população enfrentaria a mesma dificuldade no Porto.

A análise do programa foi realizada pelo jornal Público, em parceria com uma equipa de investigadores do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Uma das principais conclusões é esta: o PAA tem um impacto limitado nas zonas onde os preços são mais elevados, nomeadamente nos maiores centros urbanos do país, como Lisboa ou Porto.

Os investigadores procuraram avaliar qual seria a capacidade da totalidade da população residente de alguns municípios, de acordo com o seu rendimento, para aceder àquele que seria um apartamento-tipo, concluindo que grande parte da população não conseguiria fazê-lo, mesmo com os preços que o PAA propõe - rendas 20% abaixo dos valores praticados no mercado. A análise conclui que o programa exclui cerca de metade da população em quase todo o território nacional, com particular destaque para as cidades de Lisboa e Porto, que ultrapassam em larga escala os 50%.

No caso de Lisboa, diz o Público, quase 80% da população não conseguiria aceder ao T2 do PAA. No Porto, essa percentagem atinge os 70%. Nos municípios de Bragança e Castelo Branco o programa do Governo permitiria o acesso a habitação a 65% e a 70% dos agregados.

Encontrar casa através do programa de rendas acessíveis? Mais de 50% da população não consegue
Público

“O que fica claro com estes dados é que há uma camada de grande dimensão que fica entre os segmentos-alvo dos programas já avançados, isto é, entre o 1.ºDireito e o PAA, e para a qual ainda não há resposta”, refere um dos investigadores, Nuno Travasso, que considera ser este o segmento mais desafiante da Nova Geração das Políticas de Habitação do Governo.

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