
Os consumidores correm atrás da Black Friday e, por sua vez, as empresas acenam com promoções visando atraí-los numa altura em que estes estão recetivos a comprar.
Segundo um estudo da Netsonda, empresa de estudos de mercado, foi concluído que os portugueses irão gastar mais este ano na sexta-feira negra. Mas afinal, quais são as estratégias das marcas que nos fazem querer tanto comprar?
Black Friday 2024 em Portugal
Em Portugal, a Black Friday 2024 acontece dia 29 de novembro, cumprindo a prática de se realizar na última sexta do mês de novembro, à semelhança de todos os países que reproduzem a tradição iniciada nos EUA.
No entanto, aquilo que se apresentou em território luso como uma prática importada da América, conheceu novas ramificações e há agora também a Black Month, que arranca logo no início do mês, e a Black Week, que começa no próximo dia 25 de novembro, servindo como que uma preparação para o que se avizinha.
Truques das marcas: criar a necessidade no consumidor

Existem assim estratégias de marketing – algumas delas assentes na psicologia do consumidor – que passam despercebidas aos olhos de quem abre a carteira, mas que foram tricotadas ao mais ínfimo pormenor por quem quer vender.
Promoções antecipadas
Nos dias que antecedem a Black Friday, algumas empresas começam a levantar o véu de descontos para levar os consumidores a gastar ao longo de mais dias, ao invés de esperarem apenas pela última sexta-feira do mês de novembro. Atentos à desconfiança do público, há certas lojas incentivam à compra imediata, garantindo que se o valor do produto ficar mais barato, devolvem a diferença.
Oferta relâmpago
É a famosa técnica do "agora ou nunca" que leva muitos clientes a deixarem a impulsividade ganhar vantagem, já que o medo de perder a oportunidade com a rutura de stock consegue sobrepor-se à vontade de querer ter.
Mas quem nunca se deixou vencer pela contagem decrescente da "promoção válida até X", envoltos pela falsa necessidade e urgência, que atire a primeira pedra.
Trocas e devoluções com prazos alargados
Em épocas normais, os produtos podem tendencialmente ser devolvidos durante 30 dias. Contudo, quando é comprado no contexto de Black Friday, este prazo é alargado, suscitando no cliente uma sensação de conforto.
Isto porque dar o benefício da dúvida ajuda muitas vezes a facilitar a venda já que o consumidor pode voltar atrás com a sua escolha, mas a verdade é que acaba por comprar.
As letras garrafais com cores ofuscantes
Algo como 70%. Salta à vista habitualmente estampado numa faixa vermelha, mas os olhos insistem muitas vezes em passar por cima de onde está escrito "em artigos selecionados".
Durante esta altura, é também comum fazer o cliente tropeçar na tradicional estratégia do “a partir de“ determinado valor. Normalmente, a nossa atenção é desviada para o adesivo promocional onde consta um valor acessível, sendo que habitualmente são escassos os artigos que correspondem a esse preço. No entanto, a este ponto, já mexeste em tudo e já estás a ir em direção ao provador com 5 peças debaixo do braço.
Oferta disto… na compra daquilo
Ainda mais fácil é deixar-se convencer pela palavra "grátis", que chama por nós nalgum canto da loja ou de um website. A oferta de algo é sempre aliciante, ainda que para isso tenhamos que comprar uma máquina de café para receber, por exemplo, um vale de 40 euros em cápsulas ou adquirir algum eletrodoméstico de forma a beneficiar do serviço de instalação. A entrega ao domicílio também pode apresentar-se gratuita, se o cliente tiver feito compras superiores a um determinado valor.

Leve três, pague dois
Durante a Black Friday, nascem vários artigos siameses. Colados uns aos outros, o cliente compra um produto e ganha outro. Para aproveitar a oferta, os carrinhos de compras vão crescendo em tamanho e consequentemente as empresas aproveitam para ganhar em volume e escoar artigos.
Descontos ou amostras de descontos?
Embora desde maio de 2022 um decreto de lei tenha apertado as regras em relação às promoções a favor do consumidor – estipulando que o valor do desconto tem que ser inferior àquele que estava assinalado nos últimos 30 dias – há formas de contorná-las. É por isso que nesta altura começa a ver-se cada vez mais a sigla PVPR (Preço de Venda ao Público Recomendado), cuja maioria desconhece o significado.
Isto pressupõe que ao invés de o desconto ser aplicado sobre o valor que se apresenta em loja, este é calculado mediante o PVPR, ou seja, o preço recomendado pelo fabricante que raramente é conhecido.
O peso das palavras
Nenhuma palavra é aleatoriamente plantada sem que se perspetivem os seus frutos. Quer seja nos meios de comunicação digitais ou em adesivos promocionais, o objetivo é que a mensagem te desperte uma necessidade ou desejo e, consequentemente, seja um gatilho para o consumo.
Frases como "descontos imperdíveis" ou "seja o primeiro a saber" remetem logo para alguma publicidade com a qual a nossa memória já se cruzou.

Adeus, juros
Numa altura em que o público já está tentado a comprar, não só por ser um dia dedicado ao consumismo, mas também porque o Natal começa a desenhar-se mais à frente, várias são as marcas que engolem os juros, motivando a compra. O cliente vê isto como uma oportunidade temporária e à empresa chega-lhe da mesma forma o lucro, ainda que de forma mais espaçada.
Organização dos estabelecimentos
Por detrás da disposição de cada estabelecimento, esconde-se o visual merchandising, a estratégia de marketing que incide em diversos elementos – desde luminosidade, às cores, passando pela planta – para atrair os consumidores e aumentar as vendas.
Não é difícil adivinhar porque é que os doces num supermercado se encontram à altura do olhar de uma criança, estrategicamente posicionados junto à caixa, quando estas se debatem com a impaciência de esperar na fila de pagamento.
Ainda de forma a estimular compras extra, é notório que ao lado de um produto estão sempre tantos outros que o complementam.
Certo é que nada é deixado ao acaso e quando parecer o contrário, então é porque te deixaste cair no truque e magias do marketing.

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