Especialistas com 20 anos de experiência neste modelo construtivo, querem agora apostar num segmento de mercado mais de topo.
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Casa modelo de Aveiro Norda

A Norda estreia-se no mercado, mas que não se pense que o currículo no setor modular começa a ser construído agora. Trazem a bagagem de outras empresas que detêm – como a Kitur, marca 100% portuguesa que projeta e constrói casas modulares fixas – contando com 20 anos de experiência embebida neste modelo construtivo.

No entanto, o culminar da trajetória, levou-os a desenhar um conceito inovador e, visando uma gama de qualidade maior para um mercado “mais de topo”, semearam uma marca nova.

“Por norma hoje o mercado associa muito a construção modular a um segmento médio ou baixo, aqui é completamente ao contrário. Na Norda queremos mostrar ao consumidor que é possível fazer uma construção modular de uma qualidade bastante alta”, afirma Fábio Correia, responsável da empresa. E para quem quiser tirar as próprias conclusões, este desafia a visitarem a casa modelo exposta em Aveiro, na zona norte de Portugal.

De que forma as casas modulares da Norda se distinguem?

O T2 exibido em Aveiro espelha a qualidade dos produtos – faz-nos saber o responsável da Norda – desde a própria edificação, passando pela escolha dos equipamentos (como as sanitárias e cerâmicas), até chegar aos eletrodomésticos. “A casa só não vai decorada”, aponta.

Fábio Correia explicou, em declarações ao idealista/news, que este modelo foi construído com um maior revestimento do telhado, substituindo telhas asfálticas por epdm, um material que na prática promove uma maior resistência face aos agentes externos. Além disso, há também um maior isolamento na casa, na medida em que aumentaram a espessura do painel sandwich.

Mas o elemento premium assenta na fachada ventilada que percorre toda a habitação e evidencia as intenções de fugir à necessidade futura de manutenção. Isto porque, em comparação com o capoto – um sistema de isolamento térmico exterior – este recurso requer uma manutenção mínima. 

A casa está ainda equipada com uma vmc mecânica – uma máquina que faz a refrigeração do ar – em várias divisões, procurando atenuar os efeitos da humidade.

setor modular
Norda

Prazos de construção e valores

Em relação ao tempo de fabricação, o responsável afirma que, no que depende da empresa – isto é, sem contar com os processos de licenciamento – habitualmente dão estimativas ao cliente de 6 meses, sendo que o T2 de Aveiro, com 108 metros quadrados brutos, é passível de ser feito entre 4 meses e meio a 5 meses. 

Embora a casa modelo seja apenas uma amostra, já estão para venda as primeiras três unidades, semelhantes à de Aveiro e, quando questionado sobre o valor, o responsável pela Norda salienta que vendem “uma casa destas, com este tipo de qualidade de material, por 199 mil euros”.

Um preço que é, por vezes, sujeito a comentários de contestação e descrença. “Se for assim, faço em tijolo”, reproduz, contando o que ouve sobretudo quando apresenta esta alternativa habitacional em feiras. “Mas porquê? Qual é a segurança que a construção tradicional dá que esta não oferece?”, questiona o especialista.

Norda
Norda

Face às desconfianças que persistem, os argumentos apresentados: porquê escolher a Norda?

O administrador defende que o ponto fulcral assenta na redução dos prazos de entrega e na modernização dos métodos de construção, que se traduzem numa melhor qualidade de fabricação. 

Além disso, o objetivo de insistir num padrão de qualidade dos materiais – justificando o valor – é, tanto quanto esclarece, contribuir para uma menor manutenção e maior conforto térmico e acústico, o que fará com que o valor depositado pelo cliente acabe “por diluir ao longo do tempo”.

“Se as pessoas pedirem um crédito de habitação de 30 anos, durante esse tempo vão ter zero problemas. São, por isso, 30 anos em que estão a pagar o financiamento, mas não estão preocupadas com a manutenção da casa”.

A propósito deste tipo de casas estarem associadas a valores mais acessíveis, este desmente, salientando que “é uma ilusão quando as pessoas dizem que a construção modular é mais barata do que a tradicional porque não se foge ao valor dos materiais” e acrescenta que “torna-se mais barato em termos de redução do tempo e redução de chatices”. 

Quais são as (outras) vantagens do modular, segundo a Norda?

Correia acredita que ainda existem muitos preconceitos ligados ao modular fruto do desconhecimento generalizado. Todavia, embora reconheça que o arranque desta alternativa habitacional por parte de algumas empresas descredibilizou este método construtivo, afirma que se assistiu a uma grande evolução em território nacional e há vantagens palpáveis.

Não há subcontratação de serviços

Na Norda, além de incluírem todos os serviços – contando com os próprios pedreiros, eletricistas, entre outros –, resolvem também toda a parte relacionada com o licenciamento, desde o projeto de arquitetura, passando pelos projetos de especialidade até chegar à própria construção em fábrica.  

“Faz com que consigamos controlar não só a variável de tempo, mas também em termos da qualidade do produto. O cliente pode estar sossegado em casa a ver a sua habitação a ser construída sem preocupações”, afirma.

Possibilidade de ampliar a casa no futuro

Debruçando-se sobre a capacidade financeira, por exemplo dos jovens, é possível, segundo a Norda, idealizar um T2 tendo em vista um aumento de dimensões da habitação no futuro. “[Estes] conseguem conjugar o seu investimento nesta altura da sua vida, mas daqui a 4/5 podem ter mais capital e querer investir fazendo um upgrade a casa. Isso na construção tradicional não é possível ser feito”, refere.

Elevada eficiência energética

Com a habitação modular associada à sustentabilidade, também as casas da Norda são construídas neste sentido. Além de sublinharem a constante reciclagem dos materiais e desperdício quase nulo aquando da sua fabricação, reiteram o objetivo de ter certificação energética A+

Além disso, reforçam que o revestimento utilizado na casa permite manter a temperatura e contribuirá, por isso, a longo prazo para redução dos gastos nas faturas da eletricidade.

Preço não sofre derrapagens

De acordo com o empresário, depois de estar assinado o contrato com um valor estipulado, é esse mesmo valor que se vai manter até a chave estar na mão, contrariamente ao que acontece com as casas convencionais.

Processo de construção não é afetado por condições meteorológicas

Faça chuva ou faça sol, o processo de construção ocorre dentro de fábrica, pelo que não sofre interrupções motivado pelos agentes externos.

habitação industrializada
Norda

Casas adaptadas e entregues rapidamente

Fábio Correia não aponta diretamente para um tipo de faixa etária que regista maior procura, afirmando que alguns clientes tanto estão no seu início de vida, como outros já em idade mais avançada. No entanto, dá o exemplo de um casal na casa dos seus 70 anos que, por necessidade, procurou a empresa modular para edificar um T1 com condições muito especificas.

“Estão numa casa que já não tem as condições necessárias para o momento atual de mobilidade reduzida, então querem uma solução muito rápida para terem outra casa”.

Durabilidade 

Com a tecnologia emergente, a marca prevê que estas casas industrializadas tenham ainda mais tempo de vida comparativamente às convencionais. A experiência, através da Kitur, leva-os a afirmar que as casas instaladas há 20 anos, continuam em bom estado.

"É o futuro"

Os argumentos voltam-se para o sistema de construção mais avançado onde se alia “design, conforto e qualidade de construção”, enumera o representante da Norda. 

Inclusive assiste-se a uma evolução crescente dentro do próprio setor: 

“Hoje em dia já conseguimos construir com dois andares. Essa era uma das deficiências que tínhamos até ao momento na Kitur”.

Correia puxou ainda para a conversa problemas aliados à falta de mão-de-obra que são atenuados dentro de fábrica, tendo em conta que o processo se torna repetitivo e de formação mais rápida. “Não houve um investimento no setor profissional nos anos 90 e está a refletir-se hoje. Precisamos de alavancar o processo de construção e industrializa-lo ao máximo para tentarmos ultrapassar a crise habitacional”, algo que, tanto quanto defende, é transversal a outros métodos de construção desde o lsf, a madeira, o betão ou até os pré-fabricados.

casas pré-montadas
Norda

Quais são os problemas do mercado português quanto ao modular?

Apesar de emergirem cada vez mais empresas ligadas a alternativas construtivas, ainda se embate nalguns muros sólidos que levarão tempo a serem derrubados. 

Entraves culturais

“As mentalidades”, atira Fábio Correia, sem deixar um intervalo na resposta, quando questionado sobre o que está na base das reticências face ao modular. 

“Temos muito enraizado que o tijolo é que é bom”, diz, por contraste aos países nórdicos, como a Lituânia, onde se assiste a uma maior abertura para as construções industrializadas. Neste sentido, acredita que o primeiro desafio passa por desmistificar os estigmas e dar conhecimento sobre este método construtivo. 

“Aquilo não é uma casa de papel, cada módulo pesa toneladas, não estamos a falar de algo que voe com uma ventania. É bastante seguro”, esclarece dando como exemplo construções pré-fabricadas como hospitais, fábricas, centro comerciais e até mesmo o recente Burguer King inaugurado em Águeda a 31 de dezembro do ano passado.

“Aquilo não é uma casa de papel, cada módulo pesa toneladas, não estamos a falar de algo que voe com uma ventania. É bastante seguro”.

O empresário acredita ainda que a modernização é de tal ordem que por fora não se consegue identificar se é modular ou tradicional e levanta a situação hipotética de que se não tivesse feito 'advertising' da Norda na casa modelo situada em Aveiro, talvez não se reconhecesse que seriam dois módulos.

Mas foi precisamente para se romperem os preconceitos, que esta marca emergente abriu as portas de casa. “Queremos que as pessoas olhem para o produto e não o vejam em sites ou fotografias. Queremos que venham à fábrica e nós mostramos o processo todo, mesmo para desmistificar e fazer ver que conseguimos ter casas modulares com uma qualidade excelente”.

casas modulares
Norda

Lentidão dos licenciamentos

De acordo com o representante da Norda, este é um problema transversal a todos os tipos de construção: a demora das autarquias para dar luz verde, que se apresenta como um obstáculo à construção. “De que me vale dizer aos clientes que consigo fazer uma casa em 6 meses para que a tenham o mais cedo possível, se depois tenho as câmaras municipais a travarem-me os processos?”, reclama Fábio Correia. 

Recorde-se que para a casa ser legalmente habitável, é necessário apresentar o projeto de arquitetura e de especialidades – esgotos, alimentação e distribuição elétrica e instalação de gás – e, posteriormente requerer uma autorização de utilização junto da câmara. 

No entanto, embora os municípios tenham 30 dias para dar uma resposta sobre o projeto de arquitetura e 45 dias para o projeto de especialidades, segundo o responsável desta empresa, os prazos não estão a ser cumpridos.

Neste sentido, este apela, por um lado, ao Estado, que facilitem os processos de licenciamento tornando-os mais simples de forma a incentivar a construção para controlar a oferta e da procura e, consequentemente, “baixar os valores num todo”, acreditando que este poderá ser um dos passos para resolver a crise habitacional. E, por outro, direciona os apelos também ao público convidando-os a visitarem a casa de exposição para que se dissolvam as dúvidas já que “é o futuro”. 

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