Modelo de parcerias público-privadas está a ser um êxito na cidade norte-americana para aumentar oferta residencial aos habitantes.
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Nova Iorque vai construir 300.000 casas acessíveis até 2026: assim funciona o mercado residencial
Ana Ariño, vice-presidente executiva da Câmara Municipal de Nova Iorque idealista/news

Em 2014, o presidente da Câmara Municipal de Nova Iorque decidiu entregar 200.000 casas a preços acessíveis com limites de renda para 500.000 nova-iorquinos até 2024, através de novas construções ou da preservação do stock de habitações baratas existentes. Ana Ariño, vice-presidente executiva da Agência de Desenvolvimento Económico do Conselho da Cidade de Nova Iorque, garante ao idealista/news que esta cidade está no caminho certo para cumprir esse compromisso, dois anos antes do previsto, e o objetivo agora é criar 300.000 casas acessíveis até 2026. Este número seria suficiente para dar casa a toda a população de Boston.

Com uma visão 360º do planeamento urbano da cidade, a espanhola Ariño destaca que a criação de habitação a preços acessíveis é uma das iniciativas essenciais do atual 'mayor' Bill de Blasio para enfrentar a crise de acessibilidade na cidade norte-americana. "Os prédios residenciais acessíveis são de propriedade privada, mas subsidiados pelo governo através de incentivos fiscais", explica a responsável.

Em troca, os proprietários de imóveis são obrigados a colocar uma fatia no mercado de arrendamento a preços acessíveis, com valores limitados segundo os níveis de rendimentos dos moradores. A especialista explica que a habitação acessível em causa destina-se não apenas a habitantes de baixos rendimentos, mas também a famílias de classe média, que ganhem até 159 mil dólares anualmente.

Os arrendamentos acessíveis para um apartamento de três quartos podem variar entre 672 dólares por mês, para uma família de três membros que ganha 29 mil dólares anuais, até 4.501 dólares por mês para uma família que ganha 159 mil dólares por ano.

Como funciona o mercado residencial na 'Big Apple'

Nova Iorque é uma cidade sobretudo focada no arrendamento. Em 2017, o stock residencial era superior a 3,4 milhões de casas: 62,9% (2,2 milhões) dos domicílios eram arrendados, comparado a 36,1% (1,2 milhões) dos imóveis próprios.

E os dados sustentam o êxito que está a ser o novo modelo de colaboração público-privada que está a ser implementado na cidade norte-americana: dos 2,2 milhões de arrendamentos existentes, 937.000 (43%) são residências gratuitas (não regulamentadas pelo Conselho da Cidade), enquanto um milhão ( 45%) são de propriedade privada, mas cuja renda é legalmente limitada (na maioria dos casos, os aumentos são estabelecidos por uma agência governamental). A lei de Nova Iorque permite uma margem de aumento para as rendas de 7,5% a cada dois anos (sem poder exceder um limite máximo).

Destes, há um pequeno número de apartamentos “com arrendamento controlado” (cerca de 20.000) construídos principalmente antes de 1947 e que têm limites muito rígidos quando se trata de aumentar a renda. Por fim, 258.000 casas (12%) são apartamentos subsidiados pelo governo, com acesso limitado a residentes em determinados tipos de rendimentos (isso inclui casas públicas e outros programas de habitação acessível).

Nos últimos 10 anos, Nova Yorque viveu um êxito económico sem precedentes. “Atualmente, temos um número recorde de empregos em 4,5 milhões e a população da cidade deve crescer para 9 milhões em 2040, em comparação com os atuais 8,5 milhões. As rendas aumentaram como resultado desse sucesso económico e, embora se registem sinais de estabilização desde 2015, os ingressos de muitas famílias permaneceram estáveis ou diminuiram desde 2000, pressionando inquilinos, principalmente famílias de baixos rendimentos”, sublinha Ana Ariño.

A renda bruta média, tal como explica a responsável, aumentou 26,2% entre 2000 e 2011-2015, enquanto os rendimentos familiares média aumentaram 2,9% no mesmo período. Hoje, em mais de 44% de todas as casas de Nova Iorque, mais de 30% dos rendimentos familiares servem para pagar a renda da casa e em mais da metade dos lares destina-se 50% dos rendimentos para o arrendamento.

Segundo Ariño, a Câmara Municipal de Nova Iorque estima que o custo total privado e público da criação de 200.000 casas a preços acessíveis por 10 anos excederá 40.000 milhões de dólares, dos quais mais de 11.000 milhões são fundos públicos (fundos municipais, estaduais e federais).

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