
Os chineses mais ricos há muito que decidiram procurar casas melhores em países como os Estados Unidos (EUA), Singapura ou Tailândia, mas agora estão a mudar de destinos e começam também a colocar a mira no Japão. Cidades como Tóquio e Osaka já notaram o novo fluxo no mercado imobiliário de luxo e o aumento da concorrência para entrar nas escolas internacionais de prestígio.
As causas vão desde a exaustão provocada pelos encerramentos gerados pela pandemia, à agitação política, ao crescimento da tensão entre a China e os EUA ou as restrições estritas para empresários, muitos deles a braços com os efeitos da crise económica e imobiliária. Tudo isso faz com que classes altas, magnatas e intelectuais procurem um novo lar no Japão.
Até há pouco tempo, os imigrantes que entraram no país asiático vindos da China eram estudantes ou da classe trabalhadora, mas agora os mais ricos estão a começar a escolher Japão em detrimento de outras opções como Austrália, Singapura ou Tailândia. Não é à toa que a consultora de migração e investimento Henley & Partners alertou em junho que a China terminaria o ano na liderança em termos de indivíduos com elevado património líquido, incluindo aqueles com ativos no valor de 1 milhão de dólares ou mais (930 mil euros), com 13.500 pessoas.
O conselheiro-chefe do escritório de advocacia Support Gyoseishoshi, Wang Yun, destacou a importância do visto de negócios, que exige que se façam investimentos de cinco milhões de ienes japoneses (31.980 euros), bem como um visto profissional estrangeiro altamente qualificado, já que muitos os aproveitam para entrar no país.
Os arranha-céus da Baía de Tóquio são os favoritos
A classe média alta da China parece estar a prestar especial atenção aos arranha-céus da Baía de Tóquio. Outro lugar que desperta interesse na área circundante é a vizinha Toyosu, uma área industrial conhecida pelas vistas deslumbrantes do horizonte de Tóquio.
De referir que esta zona tem a maior população chinesa da capital, somando cerca de 16.297 residentes em janeiro deste ano. Segundo dados de uma consultoria imobiliária chinesa, alguns blocos de apartamentos podem ter até 20% de residentes chineses.
A acessibilidade do Japão atrai muitos desses novos residentes, que consideram os custos de habitação também consideravelmente mais acessíveis no Japão, com preços até 40% mais baratos . Além disso, num momento em que a economia de outros países está em queda, como mostra a prisão do fundador da Evergrande, o Japão fornece a alguns destes milionários um ambiente mais confortável.
A proximidade geográfica com o país de origem, o clima agradável e um bom sistema de segurança social são outras causas que levam os cidadãos da China a escolher este país como um novo lar. Apesar disso, o Japão também apresenta pontos negativos como a falta de oportunidades de negócios, o que leva a que as 'start ups' sejam quase inexistentes, além da superproteção de muitos setores.
No entanto, a nova tendência parece preocupar alguns conservadores, dadas as possíveis consequências para a segurança do país, enquanto os mais liberais defendem a tomada aproveitar a oportunidade de revitalizar a terceira maior economia do mundo.
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