Gigante dos supermercados decidiu vender uma carteira de 36 imóveis em Espanha, onde ficará como inquilina.
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Mercadona vai continuar a investir na compra de terrenos e a ser proprietária das lojas em Portugal
Loja e escritórios em Vila Nova de Gaia. Mercadona

A Mercadona decidiu aligeirar a sua carteira de ativos imobiliários em Espanha, colocando à venda uma carteira de 36 imóveis, com os quais pretende encaixar perto de 200 milhões de euros, e que vai continuar a explorar numa lógica de 'sale&leaseback', mantendo-se como inquilina. Em Portugal, país onde a gigante de supermercados espanhola acaba de entrar há menos de um ano, a estratégia será outra, porém. A Mercadona, tal como apurou o idealista/news, vai continuar a investir na compra de terrenos e construção dos espaços comerciais e logísticos, mantendo-se como proprietária dos imóveis em causa. 

"A empresa está numa fase de arranque, com um forte investimento em Portugal, e este é o modelo que faz sentido atualmente no mercado luso", segundo explicou fonte oficial da Mercadona Portugal ao idealista/news, frisando que, para cumprir o plano de aberturas projetadas, "vamos continuar a comprar terrenos, imóveis, a construir e a explorar os devidos espaços, mantendo-nos como proprietários". Em Portugal este modelo de 'sale&leaseback' tem sido implementado por vários operadores no mercado da distribuição, tais como a Sonae - dona da marca Continente; ou a Jerónimo Martins - com a insígina Pingo Doce.

O esclarecimento da Mercadona, que finalizou 2019 com um total de 1.636 supermercados na Península Ibérica, surge depois de também o idealista/news ter noticiado, em primeira mão, que a empresa liderada por Juan Roig colocou à venda uma carteira de mais de três dezenas de ativos imobiliários no seu país de origem, Espanha - um mercado considerado maduro. "Atualmente temos um importante número de imóveis em propriedade, fruto de investimentos realizado em aquisição de terrenos e espaços durante os últimos anos e agora decidimos trocar tijolo por euros, para com os nossos recursos, acelerar a 'brutal' transformação em que está imersa Mercadona", indicaram desde a empresa valenciana, para justificar a decisão de aposta na fórmula de 'sale&leaseback'.

Balanço do arranque do negócio no mercado português

A Mercadona deu o primeiro passo fora de Espanha, em julho de 2019. E Portugal foi a escolha natural da empresa neste processo de internacionalização anunciado em 2016. O primeiro supermercado abriu as portas no verão passado, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, e depois dessa somaram-se outras nove lojas - as duas últimas em dezembro passado -, localizadas também na zona Norte. No total, geraram uma faturação superior a 32 milhões de euros, neste primeiro ano de atividade, consolidados através da Irmãdona Supermercados S.A. (a sociedade que a empresa criou em Portugal e que em 2019 pagou 11 milhões de euros de impostos a nível nacional).

Desde o início da expansão, a Mercadona investiu já perto de 220 milhões de euros em Portugal, dos quais 150 milhões de euros foram aplicados em 2019, tendo tido como destino a abertura das lojas, a aquisição de novos terrenos e o arranque do Bloco Logístico da Póvoa de Varzim, entre outros. No total dos dois países, a empresa de supermercados físicos e de venda online, aumentou o seu investimento em 46% em 2019, para 2.200 milhões de euros, realizado com base em recursos próprios.

Investimento de 1.800 milhões de euros em 2023 entre Portugal e Espanha

Para consolidar o seu desenvolvimento e lançar as bases da Mercadona do futuro, a empresa promete que vai continuar a promover o seu plano de transformação até 2023. De forma a atingir este objetivo, e segundo revela numa nota de imprensa a propósito dos resultados de 2019 divulgados esta terça-feira, dia 10 de março de 2020, a Mercadona planeia investir 1.800 milhões de euros em 2020, que serão utilizados principalmente para: abrir novos supermercados, 69 em Espanha e 10 em Portugal, renovar 160 supermercados para adaptá-los ao Novo Modelo de Loja Eficiente (Loja 8); continuar a desenvolver o Projeto Frescos Global e implementar a nova secção “Pronto a Comer” em mais 460 supermercados ao longo do ano.

Por outro lado, indica que vai continuar a fortalecer e a otimizar a sua rede logística com a renovação e abertura de novos blocos logísticos, continuando "a dedicar recursos significativos à transformação digital, outro dos desafios da empresa, e à abertura de um novo armazém online (Colmeia) em Getafe (Madrid)". Para todos estes projetos, a empresa criará mais de 2.000 empregos estáveis e de qualidade em 2020, entre Espanha e Portugal.

“Em 2019 continuámos a consolidar a brutal transformação na qual a Mercadona está imersa, alcançando um marco histórico para todos os que fazemos parte da empresa, a nossa internacionalização para Portugal em julho passado", afirma Juan Roig, presidente do grupo, frisando que "tudo isto, assim como os desafios que ainda temos pela frente, não poderia ser alcançado sem a verdadeira força da transformação da Mercadona: as 90.000 pessoas, 900 delas em Portugal" - onde soma, por outro lado, mais de 300 fornecedores nacionais.

Mercadona vai continuar a investir na compra de terrenos e a ser proprietária das lojas em Portugal
Juan Roig e membros do Comité de Direção. Mercadona

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