A emblemática loja histórica da Viúva Lamego, localizada no Largo do Intendente em Lisboa, vai fechar as portas, definitivamente, no final do mês de abril, depois de 172 anos a funcionar. O edifício tem a classificação de imóvel de interesse público e a fachada, em azulejo de estilo naïf oitocentista, é considerado um exemplo pioneiro no uso do azulejo como meio publicitário. Agora, a marca portuguesa que produz azulejos e cerâmica vai apostar na abertura de uma loja online.
“Esta foi uma decisão muito ponderada e que resulta do contexto atual, no entanto, encaramo-la como uma oportunidade para uma vez mais evoluirmos com os olhos postos no futuro. Redirecionámos o investimento para o digital e mantemos dinâmicas as colaborações nacionais e internacionais com artistas, arquitetos e designers reforçando a visão progressista da Viúva Lamego”, refere Gonçalo Conceição, CEO da Viúva Lamego, citado em comunicado.
A Viúva Lamego continuará agora a produzir na fábrica-atelier, na Abrunheira, Sintra, onde tem o showroom aberto ao público.
A história da loja com história
Construído entre 1849 e 1865, o edifício do Intendente apresenta a fachada decorada na íntegra por azulejos figurativos, da autoria do diretor artístico da fábrica, Ferreira das Tabuletas.
"Originalmente a oficina de olaria de António Costa Lamego, veio a converter-se em fábrica, e adoptou a denominação Viúva Lamego quando a mulher de António Lamego assumiu a sua gestão, na sequência da morte do marido, em 1876", tal como conta a empresa na sua página web.
A herdeira viria, mais tarde, a dividir com o seu cunhado a liderança da companhia, que ficou nas mãos das famílias Lamego e Garcia durante mais de um século.
Nos primeiros tempos, e tal como é ainda contado, "a fábrica produzia sobretudo artigos utilitários em barro vermelho, azulejos em barro branco e alguma faiança. Com a chegada do século XX, o azulejo tornou-se o principal produto da Viúva Lamego, já então uma fábrica virada para os artistas, com ateliers de trabalho que colocava à sua disposição".
Nos anos 1930, a componente industrial foi mudada para a Palma de Baixo. Ali ficou até 1992, ano em que foi transferida para a Abrunheira, em Sintra, onde se hoje encontra a atual fábrica, que continuará a funcionar. O edifício no Largo do Intendente passou a estar aberto ao público para exposição e venda de azulejos.
Há cerca de 16 anos foi vendida ao grupo Aleluia Cerâmicas, tendo há quadro sido comprada pelo seu atual CEO, Gonçalo Conceição.
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