Duas décadas depois, a guerra estalou no seio da família Espírito Santo e Ricardo Salgado sai da liderança do BES. O conselho superior da família Espírito Santo já fez a sua escolha para a sucessão do banqueiro, que é desde há alguns anos o homem mais poderoso de Portugal. O nome que será proposto à assembleia geral do BES será Amílcar Morais Pires, o atual Chief Financial Officer (CFO) do banco, deixando de fora o primo de Salgado, José Maria Ricciardi.
Ainda esta manhã, segundo escreve o Económico, haverá uma reunião da ESFG, a holding controlada pela família que tem 25% do BES, da qual sairá o comunicado ao mercado a convocar uma assembleia geral e a confirmar a saída de Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo, Ricardo Abcassis e Pedro Amaral.
A escolha de Morais Pires põe assim fim às especulações sobre uma luta entre o atual CFO e José Maria Ricciardi, que, já é certo, não estará na nova equipa de gestão do BES, embora, a esta hora, tudo indique, não vai apresentar já a sua renúncia a este mandato e ao mesmo tempo de Salgado. Ao que o Económico apurou, Ricciardi não esteve sequer ontem na reunião do conselho superior, onde ficou claro que Morais Pires tem o apoio da maioria dos cinco ramos da família.
De acordo com as informações recolhidas ontem à noite e esta madrugada pelo Económico, na reunião do conselho da família no Banco de Portugal, Carlos Costa terá dito que não estaria disponível para aprovar qualquer dos nomes da família que estão hoje na administração do BES na nova equipa. Terá sido, assim, o primeiro sinal verde para Morais Pires, um gestor independente da família e que foi responsável direto pelo sucesso da operação de aumento de capital do BES, e o sinal amarelo a Ricciardi, que, tudo indica, deverá manter-se ainda assim à frente do BESI.
Amílcar Morais Pires não está contactável e José Maria Ricciardi não faz qualquer comentário a estas evoluções, mas uma fonte que lhe é próxima garante que já decidiu concentrar a sua ação no BESI e na entrada de novos acionistas internacionais para diminuir o peso do BES na sua estrutura de capital. Até esta hora, a informação disponível é a de que poderá continuar como presidente do BESI e não será forçado a sair pelo Banco de Portugal, nomeadamente por razões de idoneidade.
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