
Com 85 anos de história, os Paradores elegeram agora Portugal para dar o pontapé de saída fora de Espanha. Sem querer privatizar a rede turística, como fez o Estado português com as Pousadas de Portugal há alguns anos, os espanhóis optaram por avançar na internacionalização com um modelo de franchising, que arranca agora com a Visabeira Turismo, num acordo de parceria para explorar a "Casa da Ínsua", em Penalva do Castelo.
Ao idealista news, a presidente dos Paradores de Turismo, Ángeles Alarcó Canosa, explica que "a nossa ambição é tornar-nos agora numa cadeia ibérica, com várias unidades em Portugal e Espanha, adoptando a estratégia que está a seguir o setor hoteleiro privado, que é cada vez mais crescer através de hotéis franquiados".
À margem da apresentação da parceria com o Grupo Visabeira, ontem em Madrid, a responsável adiantou ainda que "já temos outras negociações em marcha para abrir mais quatro unidades em Portugal. Privilegiamos edifícios emblemáticos que se identifiquem com a nossa rede tanto em termos de património como cultura e serviço", sem querer revelar mais detalhes de momento.
Mas a captação de turistas portugueses não é o único objetivo dos Paradores com a vinda para o país vizinho. A cadeia turística espanhola quer "chegar a outros mercados internacionais muito interessantes, como o brasileiro, que entra na Europa por Portugal", precisa Ángeles Alarcó Canosa, dizendo que "podemos fazer rotas que começam por Portugal e seguem por Espanha, ou de outros países da América Latina em sentido contrário e isso é muito bom para nós".
Um Parador espanhol com gestão portuguesa no Sul de França?
Dando nota de que a Visabeira Turismo tem "uma grande fé nesta parceria, porque esperamos vir a ser um veículo em Portugal para abrir mais unidades dos Paradores, tanto em hotéis nossos como de terceiros", o presidente da cadeia hoteleira portuguesa revela ao idealista/news que "os Paradores fizeram-nos uma proposta para uma parceria que poderá vir a acontecer no Sul de França. Vamos agora analisar a sua viabilidade em conjunto".
Frederico Costa, também à margem do evento, declara que a Visabeira Turismo conta com os Paradores para dar "mais escala e notoriedade internacional à nossa marca, porque não nos vão chegar apenas turistas espanhóis, mas de todas as partes do mundo, como russos, asiáticos ou americanos".
O grupo português, que fechou 2014 com um volume de negócios na ordem dos 35 milhões de euros na área do turismo, explora atualmente seis hotéis em Portugal, outros tantos em Moçambique, e vai abrir em breve o Vista Alegre Hotel em Ílhavo, tendo também planos para abrir uma nova unidade num edifício do Grupo Visabeira no Chiado, Lisboa, em 2017. O Grupo Visabeira conta com cerca de 100 companhias que opera em vários setores em 10 mercados diferentes.
A parceria da Visabeira com os Paradores está baseada num contrato de 10 anos e o primeiro hotel com a nova marca, Hotel Casa da ínsua, vai abrir as portas no próximo dia 15 de outubro.

A Casa da Ínsua, hotel de cinco estrelas localizado a cerca de 70 quilómetros da fronteira espanhola, foi alvo de um investimento recente na ordem dos oito milhões de euros. Antiga casa senhorial de estilo barroco, a unidade conta com 35 quartos, jardins de estilo ingês e francês, uma adega onde os hóspedes podem degustar vinhos e queijo - que podem até ajudar na produção.
Governos "abençoam casamento"
Para o secretário de Estado do Turismo de Portugal esta parceria é "duplamente vantajosa". Por um lado, afirma Adolfo Mesquita Nunes ao idealista/news, "é uma nova forma de promover o turismo português no mercado espanhol como um destino de qualidade e captar mais turistas" e, por outro, "é investimento estrangeiro que ajuda a dinamizar a economia portuguesa".

Isabel Borrego, secretária de Estado do Turismo de Espanha
E a sua homóloga espanhola também aplaude a iniciativa. Aliás, Isabel Borrego, diz mesmo que "a internacionalização dos Paradores para Portugal através de franchising é a solução perfeita".
A governante espanhola garantiu ao idealista/news que "a privatização dos Paradores está fora de questão. E, por isso, as franquicias são a forma certa de crescer, como precisa a empresa, sem comprometer os seus recursos".
E na estratégia de expansão que os Paradores decidiu adoptar "Portugal era, sem dúvida, o mercado natural para avançar, devido à proximidade tanto geogrática, como sócio-cultural".
Todos rejeitam que os Paradores sejam "má concorrência" para as Pousadas de Portugal, um produto turístico similar, explorado pelo Grupo Pestana, declarando que "há espaço para todos e dinamiza o mercado".
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