
Os bancos voltaram a querer dar mais crédito à habitação, "lutando" entre eles para captar um maior número de clientes. Em plena guerra de spreads, as instituições financeiras começam agora também a aumentar o valor do empréstimo concedido. Se, em 2013 era pouco mais de metade da avaliação bancária do imóvel, agora há bancos a emprestar já mais de 80%. Se estás a pensar pedir financiamento para a compra de casa, fica a saber quais são os bancos que oferecem as propostas mais tentadoras.
Dando nota de que "há sinais claros de maior dinâmica no mercado", Nuno Rico, economista da Deco, adianta citado pela TVI que "há três bancos que já identificámos que estão a emprestar mais de 80% da avaliação". São eles o BPI e o Santander que dão até 85%, o Euro BIC (ex BIC) que chega até aos 90%, enquanto as restantes entidades se ficam pelos 80%.
No último ano, "como os bancos conseguiram recuperar as suas contas, recuperaram o acesso ao financiamento, pelo que conseguem também dar mais financiamento", explica Hugo Silva, especialista no setor imobiliário também em declarações à cadeia televisiva, confirmando que "alguns deles estão a financiar mais de 80%".
Quais as condições para emprestar mais de 80%?
Para grande parte dos bancos é o valor de avaliação e não o valor de aquisição que é tido em conta na hora de conceder um crédito à habitação. "Apesar da tendência de subida dos preços, os bancos usam como base para este tipo de avaliação um método comparativo: comparar o que está em venda e o que foi vendido com aquela tipologia e aquelas características", frisa Hugo Silva.
O cliente terá de ter um perfil que reúna uma série de condições. Entre elas, que a prestação de crédito à habitação implique no máximo um esforço de 35% do rendimento total do agregado familiar. Por exemplo, se ganhar 1.000 euros, a prestação não pode superar os 300 euros/325 euros para que o banco possa financiar. E para aprovar um empréstimo de mais de 80% da avaliação bancária, o banco vai preferir clientes que ganhem mais do que isso e/ou apresentem garantias.
Acontece que em Lisboa, Porto e Algarve, com o mercado residencial muito em alta, a aprovação de créditos tem vindo a ser dificultada, devido à discrepância entre o preço de venda e o valor da avaliação bancária.
Os avaliadores, segundo conta a TVI, muitas vezes quando querem fazer comparação dos preços não conseguem acompanhar a subida. "Os bancos também estão com algum receio de financiar tudo. Não estão a ir muito atrás desta tendência de subida louca, estão a tentar, através da avaliações bancárias, controlar um bocadinho isso, mas com os preços a subir, as avaliações vão subir", antecipa Hugo Silva.
Os receios
O economista da Deco, Nuno Rico, por outro lado, mostra-se preocupado com este fenómeno de maior abertura dos bancos para dar mais crédito. "É um bom sinal, para quem está a pedir, mas começamos a ter alguns receios de que a banca não tenha aprendido com a crise, quando, antes, se chegou a emprestar até 100%", destaca.
Daí os alertas da associação nos últimos tempos. Os juros são negativos, os spreads baixos, mas é preciso não esquecer que os contratos são um compromisso para durar décadas, e em contextos económicos e financeiros mais adversos.
As Euribor estão em terreno negativo há mais de dois anos, mas há nove anos havia superaram o pico dos 5%. "Pode não vir a acontecer tão cedo mas em 30 anos pode repetir-se. Podemos estar a criar eventuais dificuldades às famílias no futuro", questiona o responsável da Associação de Consumidores.
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