Período de exceção vai vigorar até 15 de janeiro, mas Governo admite políticas mais restritivas de combate à pandemia. Novo confinamento em cima da mesa.
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Novo estado de emergência: pico de casos faz soar alarmes e abre a porta a novas medidas
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Portugal vai continuar em estado de emergência por mais oito dias, até 15 de janeiro de 2021, numa altura em que a situação epidemiológica do país continua a agravar-se. Os efeitos do Natal e da passagem de ano começam a sentir-se no número de novos casos: no boletim desta quarta-feira, 6 de janeiro de 2021, foram registados mais de 10.000 infetados – um recorde –, que podem abrir a porta a restrições mais duras e até mesmo a um novo confinamento para travar a Covid-19, como de resto já está a acontecer em outros países, como o Reino Unido. O Governo deverá reunir e anunciar, em breve, as linhas mestras do que se segue.

A oitava renovação do estado de emergência foi aprovada com votos a favor do PS, PSD e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues. PCP, PEV, Chega, Iniciativa Liberal e a deputada Joacine Katar Moreira votaram contra, enquanto Bloco de Esquerda, CDS e PAN se abstiveram. O novo período de exceção estende-se por mais uma semana, mas a situação do país e o escalar dos novos casos já estão a fazer soar os alarmes, e é muito provável que voltem a existir renovações. Recorde-se que a declaração de um período mais curto deste regime (oito dias em vez de quinze) deve-se à necessidade de obter informação mais aprofundada sobre o impacto do período das festas, algo que só deverá acontecer na próxima reunião no Infarmed, marcada para a próxima terça-feira, 12 de janeiro de 2021.

Época de festas fez disparar contágios, dizem especialistas

O aumento de casos de Covid-19 verificado esta quarta-feira deve-se ao alívio das restrições no país durante a época do Natal, sendo previsível que os números se mantenham altos nos próximos dias, de acordo com a opinião de alguns especialistas. "Estamos a pagar o preço de ter aliviado um bocadinho as medidas de contenção quando foi o Natal e o Ano Novo. Foi um risco calculado e não se pode dizer que fosse surpresa para quem está por dentro destas coisas", afirmou o infeciologista Jaime Nina, em declarações à Lusa.

Portugal registou o maior aumento diário de infeções desde o início da pandemia, ultrapassando o máximo registado em 31 de dezembro de 2020, dia em que foram notificados 7.627 casos. Para o infeciologista, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "já está com uma resposta deficiente neste momento" aos doentes não-Covid.

Também em declarações à Lusa, o virologista Pedro Simas considerou ser "esperado que, devido ao aumento significativo do número de contactos no Natal e no Ano Novo, aumentassem as infeções". Os números de hoje "devem-se aquilo que era esperado e que sociedade portuguesa estava à espera", adiantou Pedro Simas, reconhecendo que nos próximos dias o número de casos "pode aumentar" no país.

"Estamos a viver o princípio do efeito dos contactos. Cada vez se torna mais difícil conter a disseminação do vírus, porque cada vez mais há novos focos de infeção", referiu o especialista, para quem "vai notar-se uma grande diferença" nos números da pandemia com a vacinação progressiva que já está a decorrer.

Filipe Froes, pneumologista e coordenador do gabinete de crise Covid-19 da Ordem dos Médicos, admite, também, ao jornal Público, a possibilidade de ser mesmo preciso um novo confinamento, à semelhança daquele que aconteceu no início da pandemia no país. E alerta que “outros países europeus já implementaram um novo confinamento e beneficiam de melhor situação epidemiológica do que Portugal nesta altura”. “Mesmo admitindo que este número possa resultar de algum atraso de notificação nos dias anteriores, é evidente que é um valor extremamente preocupante”, refere ainda à publicação.

Novas medidas restritivas à vista?

Ainda não se sabe o que é que o Governo vai fazer, mas poderá decidir-se na reunião desta quinta-feira de Conselho de Ministros, 7 de janeiro, o futuro das próximas semanas. Segundo o Jornal de Negócios, o Executivo estará já a estudar a adoção de medidas mais restritivas, ainda que a decisão final só possa ser tomada em função da ponderação da situação que está a ser realizada pelos epidemiologistas.

De acordo com a publicação, o Governo poderá manter as atuais medidas por mais uma semana, ou avançar já com regras mais duras, que podem passar pela redução dos horários de comércio, que passariam a fechar às 15h30, ou maiores restrições à circulação. O encerramento das escolas também poderá estar em cima da mesa.

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