Interiores que estimulam a produtividade, assistência na alimentação saudável e otimização do sono entre os pedidos agora feitos aos designers de interiores.
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As novas casas de luxo: chuveiros de vitamina C, saunas de infravermelhos e jardins medicinais
Photo by Derek Thomson on Unsplash

A florescente noção de saúde e bem-estar, exacerbada no último ano pela pandemia em plena era digital, tem vindo a trazer uma mudança na forma como os novos super-ricos preferem viver e como querem as suas casas. E isso mesmo nota-se nos pedidos que fazem às empresas de design de interiores, desde aparelhos que estimulam a produtividade, passando pela assistência na alimentação saudável e otimização do sono.

"Fabricámos imensos chuveiros de vitamina C ao longo do último ano", contou Hamish Brown, da 1508, uma das mais perspicazes empresas de design de interiores de Londres, ao The Telegraph, dando nota de isto "está em linha com a forma como os novos super-ricos preferem viver agora".

Além dos chuveiros de vitamina C, que se diz que purificam a água e melhoram a qualidade do cabelo e da pele, existem também os programas quase-essenciais de iluminação circadiana (que reproduzem as propriedades da luz natural, do dia à noite, obedecendo ao ritmo circadiano natural).

E apesar de os majestosos sistemas de cinema em casa poderem parecer incompatíveis com o mindfulness, estes voltaram a estar na moda. Atendendo a que o trabalho a partir de casa não é apenas parte da vida na era Covid-19, mas também parte de um melhor equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar, um cinema em casa pode ser, durante o dia, perfeitamente adaptado a um espaço de trabalho de onde se podem realizar sofisticadas videoconferências. 

Na qualidade de sócio da 1508, fundada em 2010 com a missão específica de não se conotar a um determinado "estilo de casa" mas sim a uma sensibilidade para a história e para o contexto contemporâneo, Brown partilhou com o The Telegraph que tem supervisionado  projetos de topo em todo o mundo. Num recente trabalho numa penthouse londrina com 930 metros quadrados (m2), a principal preocupação do cliente era o seu espaço de meditação, criteriosamente posicionado para receber os primeiros raios de sol da manhã.

Uma "vida anti-inflamatória" tem-se revelado primordial para clientes abastados 

"Estamos a criar embalagens especiais para o carregamento dos telemóveis que eliminam qualquer possibilidade de radiação, obtemos os materiais o mais localmente possível e concebemos tudo o que requeira colas, carpetes contendo qualquer fibra plástica –, tudo coisas óbvias. Mas um novo pedido muito comum tem sido o salão de chá, em vez da clássica garrafeira", revela ainda. Ainda assim, os automóveis continuam a ser uma peça importante e as propriedades mais caras contam com elas, de uma forma especial.

Numa outra casa em Chelsea, Brown disse ao jornal inglês que a prioridade é separar o controlo da temperatura de cada lado do leito conjugal, já que o marido precisa de ar mais fresco do que a mulher. "Estamos a trabalhar nisso", frisou.

"Dormir é o melhor que há", concorda Simon Rawlings, diretor criativo do David Collins Studio, que granjeou fama ao criar casas para muitas estrelas, de Madonna a Gywneth Paltrow, bem como restaurantes e hotéis.

"É bastante comum haver um quarto de dormir junto a um espaço de trabalho, para que, no caso de trabalhar pela noite fora, não tenha de acordar o seu companheiro quando se vai deitar. Chama-se Snore Room [Quarto para Ressonar], ou será que inventei isto?", graceja Rawlings, citado pelo diário londrino. A par com as saunas de infravermelhos, que estão a ser instaladas com alguma regularidade, predomina também o The Mirror [O Espelho] – a ferramenta digital integrada de fitness, no valor de 1.500 dólares, que, tal como a bicicleta Peloton [que permite simular a experiência do ciclismo num estúdio indoor], vem com um programa de aulas.

Cozinhas profissionais em casa

Mas Rawlings está convencido de que a verdadeira ênfase, neste momento, está na zona da cozinha. "Mesmo nas casas maiores, a cozinha está a tornar-se parte integrante da sala de jantar. E faz sentido – as pessoas estão mais interessadas do que nunca naquilo que comem", indica Rawlings, dizendo que, além disso, "as pessoas gostam verdadeiramente de mostrar a preparação da sua comida".

A profissionalização da cozinha doméstica atingiu agora o ponto em que os clientes pedem placas de indução em titânio, em que qualquer ponto da superfície reage ao que lhe for colocado em cima, e em que até uma frigideira com um metro pode ser aquecida de forma uniforme, tal como precisa o especialista ao The Telegraph. E os ultra-congeladores são praticamente a norma [são também chamados de ‘abatedores de temperatura’ porque baixam rapidamente a temperatura dos alimentos confecionados, não permitindo que permaneçam na zona de perigo (+ de 8ºC) e evitando assim fungos e outras bactérias].

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