
As inundações registadas nos últimos dias em Lisboa voltaram a trazer ao de cima a importância da concretização do plano de drenagem na capital. Na manhã desta terça-feira (13 de dezembro de 2022), várias ruas e túneis estiveram intransitáveis e foram cortadas. E o mau tempo que se fez sentir levou a autarquia a emitir um alerta vermelho, pedindo às pessoas para ficarem em casa. Já na semana passada, tinha havido inundações em Lisboa e nos arredores. O Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) tem sido apontado, desde há duas décadas, como uma obra importante para enfrentar cheias e inundações na capital, mas as grandes intervenções, nomeadamente a construção de túneis, só arrancaram este ano. Explicamos tudo.
Com o período de execução 2016-2030 e um investimento total de cerca de 250 milhões de euros, o PGDL é “a obra invisível” que vai proteger a cidade para os impactos das alterações climáticas, nomeadamente para evitar cheias e inundações. Vai ainda permitir a reutilização de águas para alimentar e reforçar a rede de rega de espaços verdes, a lavagem de ruas e as redes de combate a incêndios e diminuir a fatura da água potável, escreve a Lusa.
Considerada a obra municipal de maior envergadura alguma vez levada a cabo pela autarquia, o PGDL prevê a construção de dois grandes túneis de drenagem para transvase de bacias, numa empreitada que custará “cerca de 133 milhões de euros” e que se prevê concluída no início de 2025.
Um dos túneis começa em Campolide (na Quinta José Pinto) e sai em Santa Apolónia, com uma extensão de cerca de cinco quilómetros, e o outro será construído a partir do Beato, na Avenida Infante D. Henrique (perto da Rua do Açúcar), até Chelas (perto do Convento de Chelas), com uma extensão de um quilómetro.
Uma obra com… sete estaleiros
Esta obra terá sete estaleiros - Campolide, Avenida da Liberdade, Rua de Santa Marta/Barata Salgueiro, Avenida Almirante Reis/Rua Antero de Quental, Santa Apolónia, Chelas e Beato - e “apresentará condicionamentos à superfície”, avisou a autarquia, afirmando que estão a ser analisadas várias formas de mitigar os impactos.

“Dada a complexidade, extensão e natureza da obra, foram garantidas as condições possíveis em termos de condicionamentos, mantendo circuitos pedonais, acessibilidades, mobilidade suave, assim como foram atenuados os impactes no trânsito da cidade, em particular garantindo condições de operação aos transportes públicos (em estreita ligação com a Carris), corredores de emergência e de socorro (em estreita articulação com a Polícia Municipal)”, assegurou.
Relativamente aos constrangimentos para os moradores, a câmara tentou reduzir “ao mínimo possível” a retirada de lugares de estacionamento, procurando assegurar os acessos a garagens e a manutenção de lugares na via pública, mas está ainda a estudar outros locais para estacionamento, em articulação com a empresa municipal EMEL.
O que acontecerá com os lojistas e comerciantes?
Quanto aos comerciantes e lojistas das zonas afetadas, estão a ser estudados mecanismos de compensação que poderão passar pela “isenção de taxas de ocupação de via pública, isenções de outras taxas municipais e mecanismos indemnizatórios por comprovada perda de receitas diretamente associada à presença do estaleiro”.
Esse trabalho está a ser feito ligação com a União de Associações do Comércio e Serviços (UACS) e a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
Obras sem dados em imóveis residenciais
Questionada sobre os impactes da perfuração nos edifícios à superfície, inclusive prédios de habitação, a Câmara de Lisboa, presidida por Carlos Moedas, explicou que a tuneladora opera a uma profundidade média de 30 a 40 metros e “não se prevê a existência de qualquer dano em qualquer imóvel”. Os estes trabalhos são acompanhados pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
Além disso, a equipa do projeto do PGDL, liderada pelo engenheiro Silva Ferreira (que foi também o coordenador municipal da obra do Túnel do Marquês), promoveu vistorias “a cerca de 3.900 frações habitacionais”, numa extensão de 30 metros para cada lado a partir do eixo de cada túnel.
A construção dos dois túneis será feita com a tuneladora H2OLisboa, fabricada na China, que tem 130 metros de comprimento e “avança cerca de 10 metros por dia”, de acordo com informação disponibilizada no site https://planodrenagem.lisboa.pt.
*Com Lusa
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