A inflação, a crise energética e a subida das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE) marcaram o ano de 2022. E ao ver os estímulos ao consumo e ao investimento desvanecer, foram muitos os que colocaram em cima da mesa um cenário de recessão económica na Europa. Mas, para já, o crescimento económico tem esquivado a este cenário. O governador do Banco de Portugal (BdP) está confiante de que é possível evitar uma recessão na Zona Euro, até porque o crescimento resistiu no quarto trimestre de 2022 e tudo indica que irá ser positivo no início de 2023. E também Portugal deve escapar à contração económica no curto prazo, acredita o ministro das Finanças.
Depois de o BCE ter subido os juros diretores em 250 pontos base - e de ter prometido continuar a fazê-lo - foram muitos os especialistas e líderes de Estado que alertaram para o facto de o regulador europeu estar a caminhar para uma recessão económica. Mas Mário Centeno, governador do BdP, defende que a “normalização da política monetária é necessária na Europa” e não subscreve "a ideia de que os bancos centrais começaram a recessão", já que "a inflação também não é boa”.
O líder do BdP, que faz parte do Conselho de Governadores do BCE, acredita que a Europa "está dotada dos instrumentos necessários” e, por isso, acredita que "podemos evitar a recessão”. Até porque foi o que aconteceu no final de 2022: “A economia tem surpreendido trimestre após trimestre”, disse Mário Centeno. Motivo pelo qual prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro tenha escapado a uma contração no último trimestre do ano passado.
Em relação à evolução económica da Zona Euro no primeiro trimestre de 2023, o governador do BdP está otimista: "Talvez sejamos surpreendidos” com um crescimento positivo, salientando ser natural uma desaceleração. Ainda assim, revelou na 53.ª reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça), que o preocupa o sentimento de confiança de empresas e famílias no espaço europeu.
Já a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou que 2023 vai ser um ano “mais difícil” do que o anterior. E indicou ainda que metade dos Estados-membros da União Europeia não vai conseguir escapar à recessão, ao contrário dos EUA (que deverá continuar a crescer). “Um terço das economias mundiais vai estar em recessão. Até em países que não estão em recessão, será sentida como uma”, vincou Kristalina Georgieva no início deste mês.
Ministro das Finanças afasta cenário de recessão na economia portuguesa a curto prazo
Também Portugal deverá escapar a uma recessão. O ministro das Finanças, Fernando Medina, afastou cenário de recessão na economia portuguesa a curto prazo e recordou que os indicadores do Governo apontam para um crescimento económico, ainda que “mais moderado” do que em 2022.
“As nossas projeções nunca coincidiram com esse cenário, isso era o cenário a nível europeu, não para o nosso país. O cenário que hoje temos para Portugal […] é o de que tenhamos terminado o ano com um último trimestre a crescer e, para já, não temos qualquer indicador de que o primeiro trimestre do ano tenha um resultado diferente”, sustentou Fernando Medina, à entrada de uma reunião do conselho de ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin), em Bruxelas.
Questionado sobre a possibilidade de o país entrar em recessão técnica - em que se registam dois trimestres seguidos em terreno negativo -, Fernando Medina descartou a ideia e recordou as previsões que o executivo socialista inscreveu no Orçamento do Estado para 2023 (OE2023): “Na proposta de Orçamento que apresentámos e que foi aprovada no parlamento mantínhamos que Portugal iria ter em 2023 um crescimento económico, não era uma estagnação, muito menos uma recessão.”
Contudo, o crescimento da economia nacional vai ser “mais moderado do que em 2022”. “Em 2022 a economia portuguesa cresceu muito e já utilizámos muita da nossa capacidade instalada. Ora, um crescimento económico seria sempre por cima desse crescimento já muito elevado de 2022”, justificou.
*Com Lusa
 
 
 
 
 
 
 
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