Ligeira descida da inflação não dá confiança ao banco central norte-americano para cortar taxas (pelo menos, para já).
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Juros nos EUA
Jerome Powell, presidente da Fed Getty images

Ao contrário do seu homólogo europeu, a Reserva Federal dos EUA (Fed) decidiu manter as suas taxas de juro inalteradas entre 5,25% e 5,50% na reunião desta quarta-feira, dia 12 de junho. A justificar esta decisão está a lenta descida da inflação nos EUA e a revisão em alta da subida generalizada dos preços. O presidente da Fed Jerome Powell indicou ainda que deverá haver apenas uma descida dos juros em 2024.

Após dois dias de reunião do comité de política monetária (FOMC, na sigla inglesa), a Fed decidiu manter a taxa de juro de referência inalterada, no atual intervalo entre 5,25% e 5,50%, onde está desde julho - o nível mais alto em mais de 20 anos. E admitiu um eventual corte dos juros até ao final do ano, o que revê em baixa as três descidas de 25 pontos base anteriormente previstas para 2024.

A mudança de planos reside na lenta descida da inflação nos EUA, que dificulta a concretização dos cortes dos juros. Os dirigentes da Fed apontam que tem havido um “modesto” progresso para o objetivo dos 2%. Ainda assim, esta terminologia é um avanço em relação à da anterior da FOMC, em que se falou de ausência de progresso.

Horas antes de ser anunciada a decisão da Fed, foi divulgado que a taxa de inflação homóloga, segundo o índice CPI, abrandou nos EUA em maio para 3,3%, contra 3,4% em abril, ainda longe do objetivo de 2% definido pelo banco central. Mas esta ligeira descida da inflação pode indiciar que a aceleração dos preços, ocorrida no início do ano, pode ter passado. “Recebemos com satisfação os números de hoje e esperamos mais como esse”, reagiu Powell.

Já as previsões da Fed para a inflação foram revistas em alta para 2,6% em 2024 (2,4% anteriormente) e 2,3% em 2025 (antes 2,2%). Espera também que a inflação subjacente seja de 2,8% este ano, acima dos 2,6% previamente avançados. As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são idênticas às divulgadas em março: 2,1% em 2024 e 2% em 2025.

Os dirigentes da Fed têm agora o desafio de manter a taxa de juro alta o suficiente para reduzir a despesa e derrotar a inflação elevada, mas sem ter impacto negativo na economia.

Fed só corta juros quando confiar em queda sustentável da inflação para 2%

Ao manter os juros inalterados na reunião de junho, a Fed acabou por decidir não acompanhar o Banco Central Europeu (BCE) que cortou os juros diretores em 25 pontos base há uma semana. O presidente da Fed admitiu que poderá haver apenas uma redução dos juros este ano e assegurou que não vai haver mais cortes “até que haja maior confiança quanto à evolução de forma sustentável da inflação para os 2%”.

A previsão de ocorrer eventualmente um corte da taxa de juro nos EUA até ao final do ano reflete as estimativas individuais dos 19 participantes na reunião. Segundo a Fed, oito dos dirigentes projetaram dois cortes, sete apenas um e quatro não concebem qualquer baixa até ao final do ano.

“No que todos concordaram”, disse Jerome Powell, na conferência de imprensa seguida da reunião, é que o calendário da Fed para o corte da taxa de juro vai depender da informação económica”. Em maio, um influente governador da Fed, Christopher Waller, disse que precisava de ver “vários meses com bons números sobre inflação” antes de apoiar corte da taxa.

A taxa de juro da Fed nos próximos meses também pode ter consequências nas eleições presidenciais. Apesar de a taxa de desemprego estar tão baixa quanto 4%, de a contratação ser robusta e de os consumidores continuarem a gastar, os votantes assumem uma visão crítica da gestão da economia pela Presidência de Biden. Em geral, isto é atribuído ao facto de os preços continuarem mais altos do que antes da pandemia do novo coronavírus, a que acrescem os níveis elevados dos juros.

*Com Lusa

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