
Os juros nos novos créditos habitação celebrados em Portugal estão a descer há nove meses seguidos, resultado da redução das taxas Euribor, bem como da contratação de taxas mistas mais baratas. Esta evolução levou a taxa média das novas operações de crédito habitação a fixar-se em 3,68% em junho, revelou o Banco de Portugal (BdP) esta quarta-feira. Mas o montante de novos créditos da casa caiu 7,5% em apenas um mês.
“A taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação passou de 3,71%, em maio, para 3,68% em junho, reduzindo-se pelo nono mês consecutivo”, revela o BdP na nota estatística publicada esta quarta-feira, dia 31 de julho.
A nova redução dos juros nas novas operações de crédito da casa espelha não só a descida das taxas nos contratos totalmente novos, bem como nos contratos renegociados:
- a taxa de juro média dos novos contratos de crédito habitação diminuiu 0,02 pp, fixando-se em 3,59% em junho;
- nos contratos renegociados, a taxa de juro média decresceu 0,04 pp, para 4,03% nesse mês.
Olhando para os juros nas novas operações de crédito habitação na Europa, salta à vista que Portugal apresentou a sétima taxa de juro média mais baixa, ficando mesmo abaixo da média da área do euro (de 3,73% em junho, depois de ter diminuído 0.03 p.p.).
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Montante de novos créditos habitação caiu em junho – taxa mista continua a dominar
Apesar destas novas reduções da taxa de juro em junho – estimuladas pelos recentes recuos da Euribor e pela maior contratação de taxas mistas mais baratas – , o BdP revela que houve uma queda no montante de novos créditos habitação.
Em concreto, o montante de novos contratos de crédito habitação fixou-se em 1.273 milhões de euros em junho, menos 7,5% face ao mês anterior (quando foram contratualizados 1.376 milhões de euros). Mas face há um ano (junho de 2023) verifica-se que houve um aumento de 17,8% neste montante.
Quanto ao tipo de taxa de juro escolhida, o regulador português salienta que nas novas operações de empréstimos para habitação própria permanente 78% dos contratos foram contratados a taxa mista, isto é, com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável. Este é um novo máximo registado pelo BdP depois do observado em maio (quando a taxa mista representou 76% dos contratos).
A taxa mista está, assim, a ganhar terreno à taxa variável, apesar das taxas Euribor estarem a descer há vários meses. Isto porque o peso de créditos habitação a taxa variável passou de 20% em maio para apenas 17% em junho, enquanto as taxas fixas permanecem praticamente estáveis.
“O aumento do peso das novas operações a taxa mista tem-se refletido na recomposição do stock de crédito à habitação, em que os contratos a taxa mista já representavam 25,7% do stock de crédito à habitação, em junho de 2024 (em dezembro de 2022 era 6,4%)”, conclui o BdP.
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