Conhece os apagões que, ao desligar cidades inteiras, acenderam debates sobre sustentabilidade, investimento público e segurança energética.
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Os apagões são mais do que simples falhas de energia — podem transformar cidades, provocar caos ou revelar vulnerabilidades críticas em infraestruturas nacionais. De Nova Iorque a Itália, há momentos na história em que a escuridão inesperada teve consequências políticas, sociais e até culturais. Eis uma viagem pelos apagões mais famosos da história e as suas consequências.

Apagões significativos em Portugal

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Portugal enfrentou três apagões significativos nas últimas décadas, cada um com causas distintas e impactos variados. Em 9 de maio de 2000, um apagão afetou a metade sul do país, incluindo Lisboa, durante cerca de duas horas. A causa foi a eletrocussão de uma cegonha que embateu numa linha de alta tensão em Lavos, na Figueira da Foz, provocando uma falha em cascata no sistema elétrico nacional.

No dia 24 de julho de 2021, um sábado, ocorreram falhas na rede elétrica em vários pontos do país. Uma das situações mais graves aconteceu no centro operacional do 112 em Lisboa. Mais recentemente, a 28 de abril de 2025, Portugal sofreu um dos maiores apagões da sua história, afetando todo o território nacional e zonas de Espanha, Itália e França. O corte de energia começou às 11h33 (hora de Lisboa) e causou perturbações generalizadas nos transportes, telecomunicações e serviços essenciais. A origem do apagão foi atribuída a uma falha na rede espanhola, possivelmente devido a um aumento abrupto de tensão ou a um fenómeno atmosférico raro, embora as causas específicas ainda estejam sob investigação.

Estados Unidos e Canadá, 1965 e 2003

A 9 de novembro de 1965, uma falha num dispositivo de proteção na estação de Sir Adam Beck, em Ontário, provocou a desconexão de uma linha de transmissão de 230 kilovolt (kV), desencadeando um efeito dominó que deixou cerca de 30 milhões de pessoas sem eletricidade por até 12 horas em partes do Canadá e dos Estados Unidos. A falha ocorreu durante o horário de ponta, afetando estados como Nova Iorque, Nova Jersey, Connecticut, Massachusetts, Rhode Island, Nova Hampshire e Vermont. Em Nova Iorque, aproximadamente 800 mil pessoas ficaram presas no metro. Apesar da magnitude do apagão, não foram registados incidentes graves, em parte devido à presença de uma lua cheia que proporcionou alguma iluminação natural durante a noite.

Já o apagão de 14 de agosto de 2003 afetou cerca de 55 milhões de pessoas em oito estados dos EUA e na província canadiana de Ontário. A causa foi um erro de software no sistema de alarme da sala de controlo de uma empresa sediada em Ohio, que impediu os operadores de perceberem a necessidade de redistribuir a carga após várias linhas de transmissão entrarem em contacto com árvores não podadas. O que deveria ter sido um apagão localizado transformou-se num colapso da rede elétrica. O apagão causou perturbações no trânsito, nos sistemas de comunicação, nos aeroportos e hospitais, resultando em prejuízos estimados em 6 mil milhões de dólares.

Itália, 2003

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O apagão que afetou a Itália em 28 de setembro de 2003 foi um dos mais graves da história do país, deixando cerca de 56 milhões de pessoas sem eletricidade durante aproximadamente 12 horas. O incidente teve início por volta das 3h da manhã, quando uma linha de alta tensão entre Mettlen e Lavorgo, na Suíça, sofreu uma falha após um arco elétrico atingir uma árvore próxima. Esta linha era crucial para a importação de energia hidroelétrica da Suíça para a Itália.

Esta sequência de eventos levou à desconexão da Itália da rede elétrica europeia, resultando numa queda abrupta da frequência para 47,5 Hz e, consequentemente, na desativação automática de todas as centrais elétricas italianas. O impacto foi particularmente sentido em Roma, onde milhares de pessoas participavam na primeira edição da "Notte Bianca", um evento cultural noturno.

Indonésia, 2005

A Indonésia também não escapou a esta lista. A 18 de agosto de 2005, ocorreu um apagão nesta zona do globo, um dos maiores da história do país, afetando cerca de 100 milhões de pessoas nas ilhas de Java e Bali. A falha teve início às 10h23 (hora local), quando uma linha de transmissão de 500 kV entre Cilegon e Saguling, em Java Ocidental, sofreu uma avaria. 

Este incidente desencadeou uma série de falhas, resultando na desconecção de unidades nas centrais elétricas de Suralaya e Paiton. A interrupção na causou um défice de 2.700 megawatts, aproximadamente metade da capacidade total da rede elétrica da região, deixando áreas como Jacarta, Banten e Yogyakarta completamente às escuras.

Colômbia, 2007

​A 26 de abril de 2007, a Colômbia enfrentou um apagão nacional que interrompeu o fornecimento de eletricidade em grande parte do país por várias horas. O corte de energia teve início por volta das 10h15 (hora local) e foi atribuído a uma falha técnica não especificada numa subestação em Bogotá, a capital colombiana. 

O governo indicou que o incidente resultou de um problema técnico na infraestrutura elétrica. A interrupção afetou serviços essenciais, incluindo transportes e comunicações, e causou perturbações significativas no quotidiano dos cidadãos.

Venezuela, 2008

Em 2008, a Venezuela enfrentou um dos seus maiores apagões, afetando vastas regiões do país. O incidente ocorreu em abril e foi atribuído a um incêndio na subestação elétrica de La Arenosa, localizada no estado de Carabobo. 

O fogo provocou uma explosão que resultou na interrupção do fornecimento de energia em 16 estados, com durações variando entre 1 e 3 horas, embora algumas zonas tenham reportado cortes de até 18 horas.

Brasil, 2009

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Na noite de 10 de novembro de 2009, o Brasil enfrentou um dos maiores apagões da sua história recente. A falha teve início às 22h13 (hora local), quando três linhas de transmissão de 750 kV entre o Paraná e São Paulo sofreram uma Paragem de funcionamento acidental e momentânea, atribuída a condições meteorológicas adversas, como ventos fortes e chuvas intensas. 

Este incidente provocou a desconecção completa da Usina Hidrelétrica de Itaipu, responsável por cerca de 19% da energia consumida no país, e afetou também 90% do território do Paraguai. A maioria das regiões brasileiras teve o fornecimento de energia restabelecido entre três a quatro horas após o início do apagão.​

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