
A maioria das casas em Portugal não está preparada para o calor. O parque habitacional apresenta várias deficiências estruturais, ao nível de isolamento térmico, tornando a tarefa de suportar as altas temperaturas dentro de casa no verão muito difícil. Além disso, a maioria das habitações não tem ar condicionado e há quem procure mil e uma formas de manter os espaços frescos.
Manter uma temperatura adequada em casa é um desafio, uma dificuldade que se multiplica nas grandes cidades, perante os efeitos da chamada "ilha de calor", provocada pela maioria dos materiais urbanos como o betão, tijolo ou asfalto. Segundo Paula Rivas, diretora técnica do Green Building Council Spain (GBCe).
"São materiais muito densos e impermeáveis, o que faz com que altas temperaturas se acumulem neles e se tornem enormes aquecedores que irradiam calor 24 horas por dia, evitando a diminuição natural da temperatura durante a noite", diz Paula Rivas. "Isso poderia ser atenuado com pavimentos permeáveis nas calçadas, com superfície mais vegetada e covas de árvores mais generosas e com telhados ou fachadas ajardinadas ou de cor clara", especifica.
Neste contexto, a que se junta também a necessidade de descarbonizar os hábitos de vida atuais, surgem algumas práticas muito simples, eficazes e económicas para combater o calor na maioria das casas. Os especialistas do GBCe deixam dicas básicas para resistir a altas temperaturas:
1. Adaptar-se à temperatura
A melhor estratégia antes de aplicar qualquer uma das medidas a seguir é adaptar-se à temperatura. Isso significa que não devemos acostumar o corpo a temperaturas muito frias no verão, pois quando saímos ou vamos para outro lugar sem refrigeração, sofreremos um contraste térmico muito desagradável e prejudicial à nossa saúde. "A diferença entre a temperatura da nossa casa e a do exterior não deve ultrapassar os 12 graus", diz Rivas.
2. Proteger a casa do sol
A partir deste ponto, a primeira medida que devemos aplicar em nossa casa é proteger a casa do sol. "É muito importante que o sombreamento seja feito por fora e que o toldo, persiana, pérgula, etc. esteja localizado fora da janela, pois, se for feito com uma persiana por dentro, o calor já estará dentro de casa", destaca a diretora técnico do GBCe. Além disso, é preferível que esse sombreamento exterior gere uma câmara de ar ventilada com o edifício, separando a proteção solar da fachada.

3. Ventilação
Movimentar o ar reduz a sensação térmica e, portanto, aumenta o conforto. No entanto, é necessário controlar a temperatura antes de aumentar a velocidade do ar usando ventoinhas. "Colocar a ventoinha quando a temperatura interior da casa é de 30 graus ou mais é contraproducente, já que a sensação será muito irritante", enfatiza Rivas. Os dispositivos de ventilação também envolvem um pequeno gasto elétrico, por isso é importante levar em conta a potência e a eficiência do dispositivo antes de comprá-lo.
Quanto à ventilação natural de uma casa, quando as janelas estão em fachadas opostas, abri-las permite ter corrente de ar. Da mesma forma, se uma das fachadas estiver voltada para um pátio interno, a corrente será maior devido à diferença de pressões. Caso uma casa esteja na esquina – ou que tenha apenas uma fachada – a corrente será sempre mais baixa. Mas se abrirmos apenas as janelas mais distantes umas das outras, podemos otimizar essa ventilação.
Também é essencial escolher os melhores horários para ventilar. Para isso, pode ser útil ter dois termómetros, um dentro de casa e outro fora, na sombra. Quando a temperatura exterior se aproxima ou excede a temperatura interior, as janelas devem ser fechadas.
4. Controlar a humidade
Diminuir a humidade em ambientes muito húmidos e elevá-la em ambientes excessivamente secos melhora a sensação térmica. Para reduzir a humidade, o método mais eficaz e económico é ventilar abrindo as janelas, um sistema de efeitos limitados – que dependerá da humidade exterior – mas útil para reduzir a humidade ambiente. Para ir um pouco além, existem desumidificadores no mercado, que além do preço de compra, envolvem um pequeno gasto com eletricidade.
Outro sistema muito eficaz – tradicional em cidades de clima seco, como Madrid, por exemplo – é pendurar tecidos no exterior da janela como uma persiana ou toldo, molhá-los e deixar as janelas abertas. "O ar filtrado e humedecido pelos tecidos e reduz a temperatura dentro de casa", enfatiza Rivas.
O mesmo efeito produz ter plantas dentro de casa, que ajudam a humedecer e geram uma sensação de frescor que pode ser aumentada pulverizando-as com água.

5. Colocar-nos no lugar certo
O calor sobe, o que quer dizer que parte a superior de uma casa é a que tem as temperaturas mais altas. "Tornar a vida no verão 'mais perto do chão', sentar para comer ou socializar, não só permitirá que estejas na zona mais fria da casa, mas também permitirá que movas as articulações, o que é muito saudável, desde que o corpo permita", recomenda Rivas.
6. Desligar aparelhos elétricos
A televisão, computadores, máquina de lavar roupa, máquina de lavar louça, etc. são pequenos radiadores que aumentam a temperatura da nossa casa. "Tenta mantê-los ligados apenas quando precisares e desliga-os o resto do tempo", sugere a diretora técnico do GBCe.
7. Refúgios climáticos
Em última análise, se não for possível reduzir a temperatura da casa o suficiente, podemos procurar abrigos climáticos, ou seja, locais onde a temperatura é mais baixa, como parques e jardins, museus, cinemas, etc. Passar as horas mais quentes nesses locais ajuda o corpo a sofrer menos stress com o calor e tornar os dias mais suportáveis.
8. Controlar o corpo
Mudar certos hábitos, como controlar a temperatura corporal comendo um pouco menos do que o habitual e alimentos de baixas calorias, beber muita água, reduzir a atividade física e, claro, usar roupas frias, também nos ajudará a lidar com as altas temperaturas em casa.
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