Medidas sugeridas por Afonso Arnaldo, partner da divisão de Impostos Indiretos e de Direitos Aduaneiros em Portugal da Deloitte.
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Como melhorar a liquidez das empresas em tempos de pandemia? Estas dicas valem ouro
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A pandemia tem vindo a obrigar as empresas a agir, de forma a “fintar” as consequências de uma crise que chegou sem aviso prévio. O setor empresarial enfrenta agora situações financeiras muito complicadas. É fundamental, por isso, tentar atenuar o impacto da Covid-19 nas contas e, paralelamente, melhorar a liquidez, considera Afonso Arnaldo, partner da divisão de Impostos Indiretos e de Direitos Aduaneiros em Portugal da Deloitte.

O que fazer? Como proceder? Por onde comecar? Neste artigo, Afonso Arnaldo aconselha as empresas a avançar com 16 medidas, dividindo-as em três categorias: medidas em sede de IVA, medidas de gestão financeira e tesouraria e medidas de financiamento, neste caso através de linhas de crédito.

Mostramos-te em baixo algumas destas “dicas”:

Pedidos de reembolso de IVA

Deverá ponderar-se o pedido de reembolso de todas as situações de crédito de IVA perante o Estado, bem como acelerar a periodicidade destes pedidos (todos os meses ou trimestres, conforme a periodicidade declarativa), caso sejam recorrentes. Em situações de crédito pontual, em que se antecipa que nos períodos seguintes, isoladamente considerados, se verificará uma situação de pagamento, poderá ser efetuado um pedido parcial de reembolso do crédito de IVA, por forma a permitir a transição de saldo para a próxima declaração periódica, que compense o IVA que haveria a pagar na mesma.

  • IVA de créditos em mora ou incobráveis 

O recurso à recuperação do IVA contido em créditos em mora ou considerados incobráveis é hoje um processo mais expedito, com a redução dos prazos para metade com o Orçamento do Estados para 2020.

  • Autoliquidação nas importações de bens 

O regime de autoliquidação de IVA na importação de bens permite evitar a necessidade de pagamento do imposto à Alfândega, para depois recuperar o mesmo apenas na declaração periódica.

  • Notas de crédito sem regularização de IVA

A emissão de notas de crédito com IVA confere o direito ao emitente de recuperar o imposto em causa, uma vez munido do comprovativo do reembolso do valor ao cliente ou de prova de que este tomou conhecimento da correção. A emissão das notas de crédito sem IVA permite evitar a devolução do imposto ao cliente e recuperação apenas na declaração periódica. Esta possibilidade fará sentido quando o cliente tem uma capacidade de recuperação integral do IVA e fará ainda mais sentido se o sujeito passivo emitente da nota de crédito se encontrar em crédito de imposto.

  • ‘Cash Flow Forecast – If you fail to plan, you plan to fail’

A existência de informação com qualidade é uma premissa fundamental da boa gestão, mais ainda nesta fase, pois os gestores têm de tomar decisões cruciais quase em permanência e gerir com sensibilidade as relações com ‘stakeholders’. Por isso, é fundamental que haja capacidade de prever ou simular os diversos cenários e o impacto nos fluxos de entrada e saída de cash. Por estarem diversas variáveis envolvidas e com horizontes temporais incertos, que mudam rapidamente, esta pode ser uma tarefa complexa. Mas quanto maior a complexidade, maior a necessidade. As empresas melhor preparadas a nível de planeamento serão as que navegarão melhor a turbulência.

  • Opções de financiamento

As medidas de apoio do Governo e outras soluções de financiamento pelos canais tradicionais são positivas e poderão ajudar, mas têm limites e critérios que podem não responder a necessidades específicas. Existem muitas empresas de maior dimensão e com potencial que podem precisar de mais instrumentos ou soluções mais complexas para evitar a destruição da sua capacidade produtiva. Para algumas, fará sentido repensarem a sua estratégia de financiamento, para se reorganizarem sem comprometer o negócio nem a sustentabilidade da dívida. Felizmente, existem no mercado instrumentos e fundos de dívida que se podem adaptar mais a esta situação que estamos a viver, por serem especializados nesta área e terem liquidez e criatividade para desenhar soluções à medida de cada empresa. Esta é uma realidade noutros mercados e da qual já temos vários exemplos recentes em Portugal.

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