Um grande terramoto de magnitude 6,2 na escala Richter, e com mais de 300 réplicas de menor intensidade, abanou o centro de Itália. Contam-se pelo menos 250 mortos, centenas de desaparecidos e 70% dos edifícios colapsados, sendo a localidade de Amatrice a que mais sofreu. Há menos de uma semana, a capital portuguesa também tremeu, com um sismo de 4,1, com epicentro na zona de Peniche. Estaria Portugal preparado para reagir a um fenómeno destes, com maior violência? O idealista/news falou com os especialistas e conta-te tudo.
“Muitas vezes gasta-se muito mais dinheiro numa banheira de hidromassagem do que a fazer um reforço na estrutura de um edifício" que está a ser reabilitado. Esta é a convicção de Aníbal Guimarães da Costa, presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) – entidade criada em 1973 e que está sediada no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) é o maior proprietário da capital e está preocupada com os riscos de um potencial sismo. Em parceria com o IST está a desenvolver um projeto que visa fazer o levantamento das condições de todo o edificado de Lisboa, através do cálculo quantitativo da resiliência sísmica de edifícios, frações e quarteirões. A ideia é "tornar obrigatória a realização de vistorias por parte dos proprietários a todos os imóveis e o devido registo no sistema da CML", conta a diretora municipal de habitação, Marta Sotto-Mayor, em entrevista ao idealista news (vídeo).
Para Helena Roseta não há dúvidas, a prevenção do risco sísmico é “uma matéria muito urgente”, porque um tremor de terra “pode acontecer não daqui a 100 anos, mas a qualquer dia e a qualquer um de nós”. Em entrevista ao idealista/news, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) e deputada do PS diz que tem de se “pensar a longo prazo” e que o importante é “aproveitar o momento da reabilitação urbana para introduzir a exigência do reforço da resistência sísmica”. A solução pode passar pela criação de fichas de inspeção técnica de edifícios, adianta.
A prevenção do risco sísmico da capital portuguesa entrou no topo das prioridades da Câmara Municipal de Lisboa. Em entrevista ao idealista/news, o vereador com o pelouro da Proteção Civil revela como é que a autarquia está a preparar a cidade e a população para reagir a um desastre natural como o sismo de 1755, tal como antecipam os especialistas que vai acontecer. Carlos Manuel Castro deixa um aviso ao setor imobiliário: "Quando se compra um imóvel é preciso ter a noção se é resiliente, porque nada nem ninguém é imune a uma catrástrofe".
A comunidade cientifica está convencida de que Portugal vai voltar a sofrer um sismo de grande violência, semelhante ao que destruiu Lisboa em 1755. O idealista/news foi para a rua no centro da capital perguntar o que pensa e sabe quem vive ou trabalha por ali sobre o alto risco sísmico da cidade e a qualidade dos imóveis na capital.
João Appleton é um dos 13 especialistas que subscreveu o alerta sobre as falhas de reforço anti-sísmico na reabilitação urbana feito ao ex-Presidente da República, Cavaco Silva. Em entrevista ao idealista/news, o engenheiro civil pede aos novos governantes do país para que"não percam nem mais um dia e adoptem uma política sistemática de abordagem do património construído". O objetivo é simples: minimizar os efeitos de um sismo como o de 1755 em Lisboa, que "com certeza vai voltar a acontecer em Portugal".
Engenheiro civil de formação, João Appleton é um dos maiores especialistas portugueses em prevenção sísmica do património arquitetónico, monumental e habitacional e tem sido uma das vozes mais ativas no alerta para o "sismo de grande magnitude que Portugal vai sofrer, com certeza". Em entrevista ao idealista/news, o cientista explica os riscos que o país enfrenta e como está (ou não) preparado para reagir a uma catástrofe natural, similar ao terramoto (e tsunami) que abalou Lisboa, em 1755.
Manuel Salgado, vereador da Reabilitação Urbana da Câmara de Lisboa, mostra-se preocupado com as consequências de um eventual sismo na capital. Segundo o vereador, a eficiência energética e a prevenção sísmica são fatores fundamentais tendo em conta o panorama da cidade. “Brincamos com o fogo nesta história dos sismos. Lisboa é das poucas cidades onde o risco sísmico é muito sério”, diz, em entrevista ao idealista News Portugal.
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