A construção de barragens pelos rios ibéricos trouxe muitas alegrias: mais reservas de água para os cultivos e animais e mais uma fonte de energia renovável. Mas também houve quem tivesse de mudar de vida. Foram várias as aldeias que desapareceram do mapa, ficando submersas pela subida dos caudais dos rios. E, agora, a seca severa que Portugal e Espanha atravessam colocou a olho nú as ruínas destas casas que um dia foram o lar de alguém. Estas são as aldeias submersas que estão a reaparecer a olhos vistos devido à seca na Península Ibérica.
Começamos esta viagem por Portugal, em concreto pela aldeia de Vilar, no concelho de Pampilhosa da Serra. Este local esteve escondido pelas águas do rio Zêzere durante décadas. A aldeia ficou submersa depois da construção da barragem do Cabril, em 1954. E, 70 anos depois, as suas ruínas viram a luz do dia, consequência da seca que o país enfrenta. A piscina flutuante deste local está agora assente em terra seca, assim como várias embarcações.
Olhando para as aldeias submersas em Espanha, salta à vista Mediano, na província de Huesca. A aldeia desapareceu com a cheia de 1974 e é famosa pela sua torre, cuja ponta sobressai da superfície mesmo nas épocas de maior fluxo de água. Esta aldeia tornou-se numa grande atração turística subaquática, sendo possível fazer visitas em mergulho.
Outro exemplo é a aldeia de Gascas, em Cuenca, famosa por ter sido onde se desenrolou o romance “Magdalenas sin Azúcar” da Letrame. Este município foi soterrado em 1950 pelas águas da barragem de Alarcón.
Já o rio Carreras em Andalusia esconde ruínas romanas em Huelva. Trata-se de vestígios romanos que ficaram natualmente submersos no rio devido à erosão e maremotos. Não é possível encontrá-los a olho nú, mas já foram encontrados restos de cerâmica, colunas de pedra e até restos humanos, que datam de períodos entre os séculos I e XVI.
Como a inauguração desta barragem é relativamente recente, as casas e edifícios foram preservados, apresentando um bom estado de conservação. A área adquiriu um aspecto fantasmagórico que faz com que centenas de pessoas visitem estes locais nos fins de semana. Casas meio destruídas, carros enferrujados e ruas quase intactas permitem intuir claramente como vivia a população há trinta anos.
Mas a EDP - que é a concessionária da barragem de Lindoso - já pediu aos autarcas das cidades vizinhas de Lobios e Entrimo para monitorizar e restrigir a entrada de visitantes na aldeia de Aceredo, segundo aponta o jornal local La Región.
E não foi há muito tempo que os cidadãos destas aldeias caminhavam pelas suas ruas. Este é o caso de Margarita e Mario, um casal casado há mais de 40 anos que recordou, em declarações à ABC, como foi viver vários anos na aldeia de Buscalque, uma das cinco que ficou submersa.
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