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No total, vão ser cerca de 3.000 clientes com crédito à habitação do BPI que irão beneficiar de uma redução no capital em dívida do empréstimo da casa, devido à nova lei que obriga os obriga os bancos a aplicarem juros negativos. O anúncio feito pelo presidente executivo da instituição agora controlada pela espanhola Caixabank, recusando-se, porém, Pablo Forero a indicar o custo que tal medida terá para o banco.

"Vamos cumprir a lei, o impacto é moderado [...]. São à volta de 3.000 empréstimos os afetados por esta lei", disse esta terça-feira o presidente do banco, em conferência de imprensa, citado pela Lusa, acrescentando que "é uma cifra pequena, é pouco significativo, mas não gostaria de dar".

De acordo com a normativa publicada em Diário da República na semana passada, os bancos têm até 30 de julho de 2018 para rever o indexante de cálculo da taxa de juro dos créditos.

"Quando do apuramento da taxa de juro resultar um valor negativo, deve este valor ser refletido nos contratos de crédito", determina o diploma, sendo que "o valor negativo apurado deve ser deduzido ao capital em dívida na prestação vincenda".

A lei tem impacto quando a taxa de juro média negativa das Euribor anula o 'spread' (margem de lucro comercial) cobrado pelo banco, o que tem impacto nos créditos com 'spreads' muito baixos.

BPI aplaude restrições na concessão de crédito à habitação

Por outro lado, o presidente executivo do BPI aproveitou a conferência de imprensa, em Lisboa, de apresentação dos resultados do banco no primeiro semestre, para declarar que as recomendações do Banco de Portugal (BdP) que apertam a concessão de crédito são "muito bem-vindas" e evitam práticas comerciais mais agressivas e estão em vigor desde o passado dia 1 de julho.

"São muito prudentes e ajudam os bancos mais sérios e que têm compromisso a mais longo prazo com os seus clientes a fazerem empréstimos de crédito à habitação razoáveis", disse, frisando que graças a essas recomendações do regulador, os concorrentes que estavam a "fazer práticas mais agressivas" vão agora "ter de jogar com regras mais parecidas".

No caso concreto do BPI, o gestor espanhol explicou que os critérios seguidos pelo banco na concessão de crédito já eram muito semelhantes às recomendações do BdP e que tiveram de fazer "ajustamentos na idade dos clientes" e pedir mais documentação sobre rendimentos, mas que tal "não significa mudança importante".

As novas regras do BdP estabelecem, nomeadamente, que as famílias apenas podem gastar metade do seu rendimento com empréstimos bancários.

Banco ganha 366 milhões depois das perdas de há um ano 

O BPI teve lucros de 366,1 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que compara com prejuízos de 101,7 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano passado, ajudado pela venda de ativos.

O lucro líquido em Portugal, tal como escreve a Lusa, foi de 222,5 milhões de euros, bem acima dos 10,7 milhões de euros do primeiro semestre de 2017 na atividade doméstica.

Do valor conseguido no mercado doméstico, 104,2 milhões de euros foram de resultados recorrentes e há 121,3 milhões de euros de resultados extraordinários, conseguidos com a venda da participação que o banco tinha na Viacer (empresa que detém 56% no grupo Super Bock, que rendeu 59,6 milhões de euros) e a venda ao Caixabank da BPI Gestão de Ativos e BPI Global Investment Fund (61,8 milhões de euros).

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