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Bancos continuam a dar crédito à habitação (mas menos) e famílias fazem mais reembolsos que nunca
GTRES

O mercado de crédito à habitação cresceu em 2018, embora de forma menos expresiva do que nos anos anteriores”. Esta é uma das conclusões do Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho, revelado recentemente pelo Banco de Portugal (BdP). No ano passado, os bancos emprestaram 9,5 mil milhões de euros, mais 23,4% que no ano anterior, e realizaram-se 87.906 novos contratos, mais 13,4% que no período homólogo.

“Em 2018, foram concedidos, em média, 794,2 milhões de euros de crédito à habitação por mês, mais 23,4% que em 2017. Este crescimento é inferior ao verficado ao ano anterior (mais 40%, em 2017, face a 2016)”, lê-se no documento.

No que diz respeito ao número de contratos, verificou-se “uma evolução semelhante”, tendo sido celebrados, em média, 7.326 contratos por mês, mais 13,4% que em 2017 – um crescimento também inferior ao verificado em 2017 face a 2016 (32,3%).

Segundo o BdP, no segundo semestre de 2018, o ritmo de concessão de financiamentos abrandou: “O montante de crédito concedido cresceu 22,3% e 10,4% no terceiro e no quarto trimestres do ano relativamente aos períodos homólogos enquanto no primeiro e segundo trimestres de 2018 apresentou crescimentos homólogos de 24,6% e 38,7%, respetivamente. Este abrandamento coincidiu com os primeiros meses de vigência da medida macroprudencial do BdP, que introduziu limites aos critérios utilizados pelas instituições na avaliação da solvabilidade dos clientes”, explica a entidade liderada por Carlos Costa.

Bancos emprestam mais que em 2017

Relativamente ao montante médio dos novos créditos cresceu de 99.670 euros em 2017 para 108.419 euros em 2018. Já o prazo médio dos novos contratos aumentou um mês, para 33,4 anos.

“Tal como em 2017, a maioria destes contratos foi celebrada a taxa variável (85,9%) e, destes, a quase totalidade foi indexada à Euribor a 12 meses (93,8%). O spread médio dos contratos a taxa variável foi de 151 pontos base, 23 pontos base abaixo do spread médio de 2017. A taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) média foi de 2,7% nos contratos com taxa variável, 3,2% nos contratos com taxa mista e 3,6% nos contratos com taxa fixa”, esclarece o BdP.

Carteira total de crédito à habitação a diminuir

De acordo com o BdP, “a 31 de dezembro de 2018, estavam vivos em carteira cerca de 1,47 milhões de contratos, aos quais correspondia um saldo em dívida de 86,7 mil milhões de euros”. “Apesar do aumento da contratação em 2018, o número de contratos de crédito à habitação vivos e o respetivo saldo em dívida em carteira voltaram a diminuir (respetivamente, menos 1,1% e menos 3,8%, face a 2017)”, lê-se no relatório. 

Uma redução que resulta das vendas de carteiras efetuadas por algumas instituições de crédito, dos reembolsos antecipados e dos vencimentos de contratos por decurso normal do prazo, explica a entidade.

Liquidado valor recorde em 2018

Sobre os reembolsos antecipados, foram realizados no ano passado 73.654, no montante global de 4.204 milhões de euros. Trata-se de um aumento homólogo de 1,6% e 8,3%, respetivamente. De referir ainda que os mais de 4,2 mil milhões de euros amortizados em 2018 é o valor mais elevado desde que o BdP recolhe estes dados – a primeira vaga refere-se à informação entre outubro de 2009 e setembro de 2010.

E mais: o valor médio de reembolso foi 57.000 euros quando, em 2017, tinha sido de 53,5 mil euros, o que representa um crescimento de 6,5%, o que também é um valor recorde.

Por fim, um dado curioso: 99,3% dos 87.906 contratos celebrados em 2018 foram assinados através do pressuposto habitual da hipoteca do imóvel – perante uma situação de incumprimento, o banco pode ficar com a possibilidade de exigir a entrega do imóvel como forma de saldar o montante em dívida. Quer isto dizer que foram celebrados 549 créditos à habitação sem garantia hipotecária, envolvendo um montante global de 59 milhões de euros.

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