
Não há margem para dúvidas: a alta subida dos juros está a dificultar o pagamento das prestações da casa. E são cada vez mais as famílias que têm recorrido à renegociação dos seus empréstimos habitação para evitar entrar em situação de incumprimento. Este é um cenário visível em vários bancos residentes em Portugal, como é o caso do BPI que renegociou 9.000 créditos habitação no valor de 1,1 mil milhões de euros só entre janeiro e junho deste ano.
Na apresentação dos resultados referentes ao primeiro semestre, em Lisboa, João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI, afirmou que o banco “renegociou com 9.000 clientes” até junho, o equivalente a cerca de 8% da carteira total de crédito habitação.
Já no caso das renegociações ao abrigo do Decreto-Lei n.º 80-A/2022, de 25 de novembro, o montante total de renegociações de crédito habitação foi de 293 milhões de euros, cerca de 2,0% do total (2.400 contratos).
Esta é uma forma encontrada pelas famílias de mitigar os efeitos da subida dos juros nos créditos habitação de taxa variável. E como tudo indica que as taxas Euribor vão continuar a subir, uma vez que o Banco Central Europeu (BCE) voltou a aumentar as taxas de juro diretoras em 25 pontos base na quinta-feira, dia 27 de julho. Por isso mesmo, João Pedro Oliveira e Costa admitiu que o banco tem estimado que “este valor possa aumentar”, mas que em relação ao valor global “é um valor baixo”.
O presidente executivo do banco garantiu que o BPI “tem estado disponível para encontrar soluções para todos os seus clientes”, e apontou para a redução da entrada de imóveis por recuperações de crédito habitação. Nos últimos três anos, o banco tinha registado a entrada de 24 imóveis por estas condições, enquanto no primeiro semestre não houve qualquer registo.
Lucros do BPI sobem 26% para 256 milhões de euros até junho
Este contexto de subida dos juros tem elevado os lucros dos bancos. Em concreto, o BPI teve lucros consolidados de 256 milhões de euros no primeiro semestre, mais 26% do que no período homólogo. A margem financeira (diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos) subiu 50%, para 594 milhões de euros.
Apenas na operação em Portugal, os lucros do banco cresceram 130%, para 199 milhões de euros.De notar ainda que a margem financeira na atividade em Portugal cresceu 85%, para 435 milhões de euros.
Na apresentação dos resultados, em Lisboa, o presidente executivo do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, afirmou que “a grande maioria [dos proveitos] vem do produto bancário”.
*Com Lusa
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