
O governador do Banco de Portugal (BdP) defendeu, esta quinta-feira, que o Banco Central Europeu (BCE) deve ser cauteloso na decisão sobre uma nova subida dos juros na reunião agendada para 14 de setembro, olhando para os últimos dados da inflação.
Em entrevista à Bloomberg TV, em Jackson Hole, nos Estados Unidos, o governador do BdP, Mário Centeno, reiterou que a decisão que irá sair da próxima reunião do BCE estará dependente dos dados económicos. Mário Centeno está no tradicional simpósio da Fed, que se estende até ao dia 26 de agosto.
Inflação está a reagir positivamente à subida de juros, mas falta conhecer outros dados económicos
"Dependemos dos dados nas nossas decisões. Ainda há muitos dados a serem disponibilizados até à decisão de setembro. Temos uma nova previsão e essa previsão dir-nos-á precisamente como vemos a transmissão das nossas decisões para a inflação e para a economia e decidiremos em setembro", disse.
Mário Centeno recordou que os riscos descendentes identificados pelo BCE, nas previsões de junho, "materializaram-se".
"Isto deve-se, em parte, ao facto de a transmissão da política monetária estar em pleno funcionamento", considerou, acrescentando ser necessário ter isso "em conta" nas decisões do BCE.
O governador do BdP defendeu ainda ser "importante ter em mente que a inflação tem vindo a cair mais rápido do que subido".
"Tivemos sucesso na nossa missão até agora. Provavelmente é muito cedo para considerar isso uma vitória, mas certamente teremos de nos concentrar nesses números", realçou.
Para Mário Centeno, é preciso "compreender que a política monetária necessita de ser um estabilizador da economia".
"Precisamos de ser cautelosos. Acho que fomos comedidos e razoáveis nas nossas decisões", salientou.
Europa está melhor preparada para enfrentar riscos económicos que a China, diz Centeno
Questionado sobre a deflação na China, Centeno considerou ser "um sintoma das decisões que foram tomadas pelas autoridades chinesas que não proporcionaram estabilidade à economia chinesa durante todos estes anos muito difíceis".
"A Europa tem dado, na minha opinião, as respostas mais adequadas aos desafios que enfrentamos, e é por isso que, desta vez, a Europa não é apontada como fonte de qualquer tipo de problema no mundo globalmente", disse.
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