No final de 2022, contabilizaram-se 45,8 mil contratos de crédito habitação com taxas de esforço superiores a 50%.
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Esforço para pagar prestação da casa
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Getty images

Em Portugal, a maioria das famílias possuem créditos habitação a taxa variável, estando hoje a fazer um maior esforço financeiro para pagar as prestações da casa. Com a subida dos juros sem fim à vista, as prestações da casa pesam cada vez mais nos rendimentos disponíveis, elevando - e muito - as taxas de esforço dos agregados. Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP) estima que “no final de 2023, cerca de 70 mil famílias poderão vir a ter despesas com o serviço do crédito à habitação permanente superiores a 50% do seu rendimento líquido”.

À medida que as taxas Euribor sobem, o peso da prestação da casa sobre os rendimentos disponíveis das famílias tem vindo a aumentar. E há cada vez mais agregados com taxas de esforço superiores a 50%. Os dados do BdP divulgados esta segunda-feira, dia 4 de setembro, indicam que havia em dezembro de 2021, 35,6 mil contratos de crédito habitação com taxa de esforço superior a 50% e inferior a 100%. No final de 2022, a situação agravou-se com a rápida subida de juros, contabilizando-se 45,8 mil contratos com taxas de esforço superiores a 50%.

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E tudo indica que este cenário vai piorar ainda mais, uma vez que em 2023 as taxas de juro médias subiram para níveis de 2012. “A encruzilhada traz maior aperto financeiro a famílias e empresas em resultado do ciclo de política monetária. No final de 2023, cerca de 70 mil famílias poderão vir a ter despesas com o serviço do crédito à habitação permanente superiores a 50% do seu rendimento líquido”, estima o governador do BdP.

Tendo em conta um universo de 1,5 milhões de contratos de crédito habitação ativos em 2022, isto quer dizer que quase 5% das famílias com crédito habitação correm o risco de chegar ao fim de 2023 e ter de desembolsar mais de metade do seu rendimento disponível para pagar a prestação da casa, analisa o Público. Há dois anos, só 2,5% dos agregados estava nesta situação.

Dado o aumento de famílias em situação de sobrecarga financeira com despesas de habitação (uma vez que é superior a 40%), Mário Centeno considera que “o reforço da poupança e a redução do endividamento, bem como os apoios públicos e o papel do setor bancário na prevenção do incumprimento podem mitigar estes riscos”.

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