A política monetária do Banco Central Europeu (BCE) está a ficar cada vez mais restritiva, estimulando a subida das taxas Euribor para todos os prazos. Este cenário não é favorável às famílias que pretendem comprar casa em outubro com recurso ao crédito habitação a taxa variável, uma vez que as prestações da casa estão mais caras, tal como mostram as simulações do idealista/créditohabitação. Também quem está a pagar empréstimo da casa ao banco vai sentir um novo agravamento da despesa em outubro.
Na reunião de setembro, o BCE voltou a subir das taxas de juro diretoras em 25 pontos, elevando a taxa de refinanciamento para os 4,25%, o maior valor registado desde o verão de 2008. Esta decisão voltou a refletir-se nas taxas mensais da Euribor, que subiram para todos os prazos em setembro:
- Euribor a 12 meses: depois de descer ligeiramente em agosto para os 4,073%, esta taxa mensal voltou a subir em setembro para 4,149%, igualando a registada em julho deste ano;
- Euribor a 6 meses: esta taxa voltou a subir para 4,030% em setembro, mais 0,086 pontos percentuais (p.p.) face a agosto (3,944%);
- Euribor a 3 meses: fixou-se em 3,880% em setembro, mais 0,10 p.p. do que em agosto (3,780%)
Resta saber que valores poderá atingir a Euribor nos próximo meses. Sobre este ponto, os europeus acreditam que os juros vão aumentar para 5,1% nos próximos 12 meses, de acordo com os resultados do Inquérito às Expectativas dos Consumidores do BCE relativo a julho. Mas tudo dependerá das próximas decisões do regulador europeu. Christine Lagarde, a presidente do BCE, deixou a porta aberta para que possa haver uma pausa na subida das taxas de juro diretoras na próxima reunião de 26 de outubro, mas deixou um alerta: "É demasiado cedo para dizer se as taxas de juro do BCE atingiram o seu pico”.
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Como ficam as prestações da casa em outubro?
Novos empréstimos habitação em outubro
Tendo em conta este cenário, quem avançar com um crédito habitação de taxa variável em outubro (que usa a média da Euribor de setembro) vai pagar mais de prestação da casa do que quem contratou o empréstimo no mês anterior, tal como mostram as simulações do idealista/créditohabitação, tendo por base um novo empréstimo habitação de 150.000 euros, com spread de 1% e prazo de 30 anos:
- Crédito habitação com Euribor a 12 meses: quem contratar um empréstimo para comprar casa em outubro vai pagar uma prestação de 819 euros no primeiro ano, mais 8 euros do que quem assinou o contrato no mês anterior;
- Crédito habitação com Euribor a 6 meses: neste caso a prestação a pagar em outubro e nos cinco meses seguintes será de 807 euros, mais 8 euros do que quem contratou o empréstimo em setembro;
- Crédito habitação com Euribor a 3 meses: aqui prestação da casa em outubro é de 794 euros, um valor que será pago nos três meses seguintes, até ser novamente atualizado. Esta prestação é 9 euros superior à dos créditos habitação contratados em setembro.
Crédito habitação: quanto subiu a prestação num ano?
Com a subida das taxas Euribor, observa-se que as prestações da casa muito subiram ao longo do último ano. Mas será que adiar a compra de casa para a reta final de 2023 compensou face há um ano? Analisando as simulações realizadas pelo idealista/créditohabitação, salta à vista que as taxas Euribor aumentaram na ordem dos 2,00 p.p. e que as prestações encareceram, pelo menos, 150 euros:
- Crédito habitação com Euribor a 12 meses: este indexante estava em 2,233% em setembro de 2022, tendo quase duplicado em apenas um ano para 4,149% em setembro de 2023. Em resultado, as prestações da casa subiram de 651 euros para os créditos habitação contratos em outubro de 2022 para 819 euros para os novos empréstimos de outubro e 2023 (+168 euros).
- Crédito habitação com Euribor a 6 meses: há um ano, esta taxa mensal estava nos 1,596%. E agora está nos 4,03% (+2,434 pp.p). Portanto, quem decidiu avançar com um empréstimo da casa em outubro de 2022 pagou nos primeiros seis meses 600 euros/mês. Já quem avançar em outubro de 2023 vai pagar mais 207 euros de prestação, ou seja, 807 euros mensais nos 6 meses seguintes.
De notar também que quem contratou o empréstimo da casa a taxa variável há vários meses também vai sentir os efeitos deste aumento a pique das taxas Euribor nas prestações, assim que forem atualizadas a 3, 6 ou 12 meses. Aqui a dimensão a subida vai depender de vários fatores, como o capital em dívida e do ano do contrato.
Apoios ao crédito habitação reforçados pelo Governo
Perante a subida das taxas de juro, há cada vez mais famílias em Portugal com dificuldades em pagar a prestação da casa, até porque a esmagadora maioria possui crédito habitação a taxa variável. Foi por isso mesmo que o Governo reforçou várias medidas de apoio que visam apoiar estes agregados recentemente, como:
- desconto de 30% na Euribor durante 2 anos;
- Reforço da bonificação dos juros para 800 euros e alargamento dos critérios;
- Prolongamento da suspensão da comissão de amortização antecipada até 2024.
Além destes apoios, também estão em vigor as novas regras para renegociar o crédito habitação, a possibilidade de resgatar o Plano de Poupança Reforma (PRR) para amortizar o crédito habitação e o desconto na retenção na fonte para quem está a pagar crédito da casa.
Quem não está abrangido por estes apoios, tem também optado por transferir o empréstimo para outro banco ou mudar para taxa mista de forma a reduzir a prestação da casa, pedindo ajuda aos intermediário de crédito habitação para o fazer.
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