
As taxas de juro nos créditos habitação em Portugal galoparam nos últimos dois anos, tendo-se fixado nos 4,433% em outubro. Este cenário fez subir – e muito – as prestações da casa que registaram o custo médio de 392 euros no mês passado, o maior valor de sempre. E 60% da prestação serve precisamente para pagar os juros, constituindo mesmo o maior peso dos juros nas prestações da casa registado desde março de 2009.
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados na semana passada, revelam que o valor médio da prestação da casa fixou-se em 392 euros em outubro, o que constitui um máximo desde o início da série (janeiro de 2009). O que também salta à vista é que a grande maioria do valor da prestação média da casa assegura o pagamento dos juros, uma realidade que contrasta com a verificada há um ano:
- Juros: 60% correspondem a pagamento de juros na prestação (cerca de 234 euros). Em outubro de 2022, a componente de juros representava apenas 25% do valor médio da prestação;
- Capital amortizado: representa 40% da prestação, cerca de 158 euros. Há um ano, era a grande maioria (75%).
Isto quer dizer que a maior fatia da prestação da casa serve, hoje, para pagar os juros no crédito habitação. E assim é desde maio de 2023, quando os juros passaram a representar mais de 50% das prestações da casa. Este cenário é explicado, em parte, porque os créditos habitação de taxa variável continuam a representar a maioria (cerca de 90%) do total de contratos em vigor em Portugal – muito embora os novos contratos sejam contratados sobretudo a taxas mistas. E é precisamente nos empréstimos a taxa variável onde a subida das taxas Euribor – impulsionada pelas restrições da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) – mais se reflete por via da subida dos juros.
Há um ano, em outubro de 2022, a realidade era bem diferente, uma vez que os juros representavam apenas 25% da prestação média da casa, que se fixou em 279 euros. Mas, já nesta altura, os juros encontravam-se em sentido ascendente, uma vez que o BCE iniciou o aperto da sua política monetária em julho do ano passado. Já na sua última reunião, realizada em outubro de 2023, o regulador europeu optou por fazer pausa na subida das taxas de juro diretoras.
Se recuarmos até outubro de 2021 – quando as taxas Euribor estavam negativas e a taxa de refinanciamento do BCE em 0% - verificamos que os juros apenas pesavam 16% nas prestações da casa (de 251 euros), o menor peso registado desde o início da série do INE disponível, que remonta a 2009.
De notar que é preciso recuar a março de 2009 para encontrar um peso dos juros sobre as prestações da casa mais elevado que em outubro de 2023: nesta altura a prestação média foi de 329 euros e os juros pesavam 64% neste valor (cerca de 212 euros).
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