Governador do BdP diz que juros do BCE "desejavelmente não vão voltar a zero" como no passado.
Comentários: 0
Subida de juros pelo BCE
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Getty images

Hoje, as taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu (BCE) estão no patamar dos 4% e deverão continuar em níveis restritivos até ser assegurada uma inflação estável nos 2%. Ainda não se sabe ao certo quando é que o regulador europeu vai avançar com a descida dos juros. Foi prevista para a segunda metade de 2024 ou 2025, mas o contexto internacional incerto, marcado pela guerra na Ucrânia e pelo conflito no Médio Oriente, poderá adiar esta decisão. O que Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), espera é que os juros do BCE desçam para um intervalo entre 2% e 2,5%, compatível à inflação.

O futuro sobre o rumo das taxas de juro do BCE é uma incógnita. Embora a política monetária restritiva tenha dado frutos, descendo a inflação na Zona Euro para 2,9% em outubro, há vários fatores externos que têm o poder de influenciar as decisões do regulador. Exemplo disso é o alastrar do conflito no Médio Oriente para outros países, com o risco de subir o preço do petróleo e, por conseguinte, a inflação, tal como explicam os especialistas contactados pelo idealista/news.

Neste cenário, o BCE - que decidiu fazer uma pausa na subida dos juros em outubro - poderá optar por manter as taxas de juro diretoras nos atuais níveis restritivos durante mais tempo que o esperado ou até agravá-las ainda mais, adiando, assim, os primeiros cortes destas taxas, que estavam previstos para a segunda metade de 2024 ou 2025.

Sobre o futuro, Mário Centeno considera que os próximos anos serão desafiantes, também devido ao contexto externo. E quanto à subida significativa das taxas de juro do BCE, disse que "desejavelmente não vão voltar a zero". Mas que espera que desçam para um intervalo entre 2% e 2,5%, compatível com uma taxa de inflação de 2% a médio prazo.

"Para lá chegarmos, para fazermos esta normalização [da política monetária] e responder à inflação, foi necessário subir as taxas diretoras do Banco Central Europeu", frisou o governador do BdP.

Transformação da banca foi “extraordinário”

Em resultado da subida dos juros diretores, os bancos conseguiram voltar a lucrar, uma vez que os spreads dos créditos habitação, ao consumo e automóvel deixaram de ter desconto pelas as Euribor negativas. E este cenário ajudou a equilibrar contas.

O recente "processo de transformação da banca portuguesa foi extraordinário" com redução de ativo, redução de malparado (crédito de cobrança duvidosa), reforço dos capitais e melhoria da rentabilidade, considerou Mário Centeno, acreditando que hoje a banca “desfruta de estabilidade financeira”. Segundo o governador, os atuais "resultados são merecidos", mas também "são cíclicos e têm de ser usados para preparar o futuro".

"O que mais desejo para banca é que adote políticas prudentes de constituição de imparidades e capital. Neste momento em que muitos olham para os resultados e acham extraordinários e excessivos, estes resultados têm uma dimensão cíclica excessiva e, felizmente, a banca tem respondido ao desafio de remuneração das poupanças, de atenção aos clientes, há dezenas de milhares créditos renegociados", afirmou o líder do BdP.

Já a semana passada, Centeno disse que a economia vive de ciclos e que os lucros atuais dos bancos são resultado também do ciclo positivo e que estes devem pôr de lado parte dos lucros para prevenir períodos negativos no futuro.

A par da banca, a economia portuguesa também mereceu elogios do presidente do BdP, sobretudo pela melhoria das finanças públicas e mercado de trabalho, considerando que na zona euro a força do emprego é o "resultado da excelência da resposta das políticas públicas" durante a crise pandémica.

*Com Lusa

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Ver comentários (0) / Comentar