Mesmo no atual contexto de queda no número de venda de casas em Portugal e arrefecimento da procura por crédito habitação, o valor total de novos contratos em Portugal atingiu um recorde em novembro, de 2 mil milhões de euros. Mas porque é que isso acontece no atual contexto de altos juros e perda de poder de compra? Questionado pelo idealista/news, o Banco de Portugal (BdP) esclareceu que esta subida dos novos empréstimos habitação em 2023 deveu-se “totalmente ao aumento das renegociações”, que estão incluídas neste indicador. O maior volume de transferências de crédito também pode ajudar a explicar este recorde.
Os dados do BdP divulgados na passada sexta-feira revelaram que o montante de novos créditos habitação em Portugal subiu de quase 1,9 mil milhões de euros em outubro para 2 mil milhões de euros em novembro, o maior valor na série disponível que remonta a janeiro de 2003. Mas o que é que explica este novo recorde de novos créditos habitação em novembro, numa altura em que se verifica que há menos casas a serem vendidas, devido aos elevados preços da habitação, juros e custo de vida? Foi isso mesmo que o idealista/news perguntou ao regulador português.
Desde logo, importa saber que o conceito de novos empréstimos habitação considera “os novos contratos e as renegociações de contratos já existentes, sem que tenha ocorrido incumprimento e onde tenha existido a intervenção ativa do cliente”, de acordo com a definição do regulador. Ou seja, não se trata apenas de novos contratos propriamente ditos, mas também de renegociações e de transferências de crédito habitação.
Os dados enviados pelo Banco de Portugal ao idealista/news mostram, assim, que houve 18,2 mil milhões de euros em novas operações de crédito habitação entre janeiro e novembro de 2023, dos quais 6,7 mil milhões dizem respeito a renegociações de crédito. Comparando com o mesmo período do ano anterior, verificou-se que o valor de renegociações quadruplicou, enquanto as operações ‘puras’ (isto é, os novos contratos de crédito e transferências) caíram na ordem dos 14% (cerca de 1,9 mil milhões de euros).
Por tudo isto, fonte oficial do BdP conclui que “o aumento das novas operações acumuladas entre janeiro e novembro de 2023, face ao período homólogo, se deveu totalmente ao aumento das renegociações”, impulsionadas pela subida a pique dos juros e apoiada com novas regras definidas pelo Governo. E mais informa que “no que se refere às novas operações 'puras', não dispomos de informação que permita identificar os montantes que correspondem a transferências de créditos”.
Olhando para estes dados, Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal admite que “dado o aumento significativo das renegociações nas próprias instituições, o peso das transferências de crédito nas novas operações será claramente maior que o peso do crédito habitação para aquisição de imóvel”. E lembra ainda que, durante o ano passado, “os intermediários de crédito tiveram um papel essencial para apoiar as famílias a procurar melhorar as condições dos seus créditos habitação e consequentemente conseguirem uma melhor situação financeira".
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