Mais literacia financeira numa lógica de longo prazo é a aposta, para mitigar a tradicional aversão à perda no curto prazo.
Comentários: 0
Investir poupanças na bolsa
Foto de Sora Shimazaki en Pexels

Um novo ciclo começa na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Esta segunda-feira, dia 15 de novembro de 2021, marca o início de funções de Gabriel Bernardino, enquanto presidente da comissão. E já há objetivos bem definidos à vista: “A CMVM pode e deve contribuir para a criação em Portugal de um novo paradigma de poupança de longo prazo, através do mercado de capitais”. Como? Através de literacia financeira.

Na sequência da cessação de funções de Gabriela Figueiredo Dias, o Ministério das Finanças indigitou Gabriel Bernardino a presidir à CMVM. Tendo em conta que “a maioria dos consumidores de produtos financeiros não lê ou não tem literacia financeira suficiente para entender a informação disponibilizada”, o novo presidente assume que a entidade "deve pugnar no âmbito europeu por um novo paradigma na transparência e na informação aos consumidores de produtos financeiros”, disse na apresentação aos deputados que decorreu em outubro de 2021, citado pelo Público.

O também antigo presidente da Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA, na sigla em inglês) acredita, portanto, que “a CMVM pode e deve contribuir para a criação em Portugal de um novo paradigma de poupança de longo prazo, através do mercado de capitais, reforçando a prestação de informação adequada aos investidores e a literacia financeira, por forma a mitigar a tradicional aversão à perda no curto prazo por parte dos cidadãos”. Para isso, a CMVM deverá disponibilizar a informação de forma simples e ainda reforçar a supervisão de produtos.

Novo presidente da CMVM
Gabriel Bernardino, novo presidente da CMVM wikimedia_commons

Colocar as poupanças dos particulares em produtos financeiros numa lógica de longo prazo pode ser mesmo um pilar do mercado, até porque há a perspetiva de “maior rentabilidade face a outras alternativas, como os depósitos”, referiu ainda Gabriel Bernardino Este novo ciclo poderá mesmo começar já em março de 2022, com o arranque da comercialização do produto individual de reforma europeu, o chamado PEP.

“O desenvolvimento do mercado de capitais em Portugal é um instrumento preponderante para a recuperação sustentável da economia e para o bem-estar das famílias”, referiu ainda o novo presidente na CMVM na ocasião.

Mas nota que, apesar da recuperação económica, “os efeitos e consequência da pandemia na economia e nos mercados vão persistir, incrementando as vulnerabilidades no setor financeiro, causadas essencialmente pelo aumento dos níveis de endividamento e pela pressão sobre os preços dos ativos”, disse ainda citado pelo mesmo jornal. E deixou um alerta: “Assiste-se neste momento a elevados níveis de avaliação dos ativos, nomeadamente das ações, os quais parecem traduzir uma desconexão com a economia real, levantando dúvidas sobre a sua sustentabilidade”.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta

Publicidade