O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) vai subir esta quinta-feira, dia 21 de julho, a taxa de juro diretora na Zona Euro, pela primeira vez desde 2011. Esta é uma medida tomada para travar a subida da inflação no espaço europeu que atingiu os 8,6% em junho - um valor recorde. E também para atenuar a queda do valor do euro em relação ao dólar nos últimos meses.
Esta primeira subida da taxa de juro diretora - que vai afectar as três taxas geridas pelo banco central (depósito, refinanciamento e empréstimo) - foi anunciada pelo BCE na sua reunião de junho e tudo indica que será de 25 pontos base, embora haja membros do regulador europeu que defendam uma subida superior.
Além de confirmar o primeiro aumento das taxas de juro diretora na Zona Euro, o Conselho do BCE também deverá divulgar os pormenores do seu plano de antifragmentação na reunião que se vai realizar esta quinta-feira.
Subida dos juros superior a 25 pontos base não é "impensável"
Desde o Bank of America apontam que uma subida dos juros superior a 25 pontos base esta quinta-feira “é improvável, mas não impensável”, algo que também relacionam com a apresentação da nova ferramenta do BCE para combater a fragmentação na Zona Euro.
“Tendo em conta a evolução recente da inflação e de outros bancos centrais, não se pode descartar um aumento de 50 pontos base” da taxa de juro diretora. O banco norte-americano considera que em vez de uma subida dos juros acima do esperado, Christine Lagarde, a presidente do BCE, “deixe a porta aberta para uma subida dos juros em mais de 50 pontos base em setembro".
Nesse sentido, Ulrike Kastens, economista para a Europa do DWS, aponta que o endurecimento da política monetária do BCE pode ser tanto maior quanto mais poderoso for o programa de combate à fragmentação na Zona Euro.
"Isso alimentou grandes expetativas no mercado, que agora precisam ser atendidas", alerta o economista, que não espera que o programa seja limitado no tempo e vê que possíveis compras de ativos serão esterilizadas para evitar uma nova expansão do balanço do BCE, embora aposte que o regulador europeu só poderá comprar títulos de países específicos se cumprirem certas condições fiscais.
"No entanto, não se podem esperar condições e regras rígidas como no caso do OMT, mas o banco central pode conformar-se com intenções", diz Kastens, alertando que isso pode tornar o novo programa legalmente contestável no médio prazo.
Por seu turno, os analistas do Bank of America consideram que é provável que o BCE faça pelo menos um primeiro anúncio sobre a sua nova ferramenta, havendo a possibilidade de alguns detalhes serem divulgados posteriormente. Mas alertam que os condicionalismos e os potenciais gatilhos do novo instrumento, ao deixar muito espaço para uma interpretação subjetiva, poderão torná-lo menos eficaz e provavelmente "empurrará o mercado para testar o BCE".
"Infelizmente para o BCE, o mercado poderia tentar testar essa nova ferramenta mais cedo do que pensávamos há alguns dias. O clima político na Itália não ajuda nesse sentido", sublinham, já que, em caso de crise real, os reinvestimentos podem ajudar por algum tempo, mas sem o apoio da nova ferramenta não seriam suficientes.
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