
Apesar da alta inflação e da crise energética que se faz sentir no mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) excluiu um cenário de recessão económica mundial em 2023. Também a presidente do Banco Central Europeu (BCE) admitiu que a atividade da Zona Euro abrandou face a 2022, mas será "bem melhor" este ano do que inicialmente se previa. Tudo aponta para que o espaço europeu se esquive a uma recessão económica este ano. Mas, ainda assim, Christine Lagarde insiste em manter a política monetária do BCE e em subir os juros diretores, uma vez que “a inflação permanece a níveis muito elevados".
Foi no Fórum Económico Mundial, em Davos, que a diretora-geral do FMI Kristalina Georgieva excluiu um cenário de recessão mundial em 2023. Mas mostrou-se cautelosa quanto à recuperação da economia global este ano, frisando que não acredita que haja "uma melhoria drástica" na atual previsão de crescimento, de 2,7%. Até porque, embora a inflação esteja hoje “um pouco melhor do que há alguns meses", a sua evolução é incerta dada a contínua interrupção das cadeiras de abastecimento no comércio mundial geradas pela guerra na Ucrânia. De qualquer forma, “a inflação melhorou e estar a ir na direção certa", admitiu Kristalina Georgieva na sexta-feira, dia 20 de janeiro.
Também na Europa, o cenário de recessão foi afastado por Christine Lagarde. Isto porque as notícias sobre a atividade económica na Zona Euro foram “muito mais positivas nas últimas semanas”. Assim, prevê-se que o ano em curso "não será brilhante, mas muito melhor do que o temido", disse a presidente do BCE na ocasião. E sustentou as suas previsões no facto de o mercado de trabalho europeu "nunca ter sido tão dinâmico", com o número de desempregados "no nível mais baixo dos últimos 20 anos", sublinhou.
Até a Alemanha – a maior economia da europa que foi fortemente atingida pela inflação e pela crise energética - parece estar a aguentar-se melhor do que o esperado graças a um consumo robusto e a uma ajuda pública substancial. E, por isso, estima-se que a Alemanha possa escapar à recessão em 2023, segundo disse o chanceler Olaf Scholz numa entrevista à Bloomberg.
Em concreto, a Comissão Europeia está a prever uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) tanto para a Zona Euro como para a União Europeia (UE) no último trimestre de 2022 e nos primeiros três meses de 2023, antes de uma recuperação no resto do ano.

Subida dos juros diretores pelo BCE será para manter
Mesmo com a melhoria das previsões de crescimento económico que levam a Zona Euro a esquivar-se à recessão, o BCE continua empenhado em seguir com a sua política monetária e em subir os juros. Isto porque os dados sobre a inflação no espaço europeu permanecem "demasiado elevados" (nos 9,2% em dezembro), embora os aumentos de preços tenham abrandado depois de atingirem um pico superior a 10% em outubro.
"A nossa determinação no banco central é trazer a inflação de volta ao objetivo de 2% de forma atempada", tomando "todas as medidas para o conseguir", disse. E não deixou dúvidas que irá continuar a subir as taxas de juro diretoras: "Manter o rumo é o mantra da política monetária do BCE", garantiu Christine Lagarde no encontro de líderes.
O BCE aumentou as taxas de juro em 250 pontos base entre julho e dezembro de 2022. E agora espera-se que uma nova subida em 50 pontos base na próxima reunião de política monetária. É pelo menos o que diz Klaas Knot, membro do conselho de governadores do BCE, que alertou na semana passada que há mais do que uma subida de 50 pontos base a caminho.
Também Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), acredita que o BCE não vai voltar a aprovar aumentos “jumbo” nos juros de 75 pontos. “Vejo com muita baixa probabilidade voltarmos a ter aumentos de 75 pontos base”, disse Mário Centeno, depois de indicar que “haver mais subidas é uma inevitabilidade”, citou o Jornal de Negócios.
A própria Christine Lagarde adiantou, no final da reunião de política monetária que se realizou a 15 de dezembro, que as taxas de juro devem continuar a subir "a um ritmo de 50 pontos base durante algum tempo”.
Os economistas ouvidos pela Bloomberg acreditam que as taxas dos depósitos subam dos atuais 2% para o máximo de 3,25% em maio de 2023, estando previstos aumentos de 50 pontos base em fevereiro e março, seguido de um aumento de 25 pontos base em maio ou junho. Depois, em julho, os especialistas acreditam que os juros diretores deverão recuar em 25 pontos base, descendo para 3%. E neste patamar deverão permanecer até ao final do ano, antecipam.
*Com Lusa
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