
O Banco Central Europeu (BCE) tem estado empenhado nos últimos meses em travar a inflação que se faz sentir na Zona Euro, subindo as taxas de juro diretoras em 250 pontos base. E prometeu continuar a fazê-lo até que a inflação desça ao patamar dos 2%. A verdade é que o ciclo de subida dos juros poderá ter um fim à vista: os economistas preveem que o pico das taxas do BCE, de 3,25%, será atingido em maio de 2023. E antecipam que o primeiro alívio dos juros diretores irá começar, depois, em julho.
Com a inflação a galopar na Zona Euro, o regulador europeu presidido por Christine Lagarde avançou com a subida das taxas de juros diretoras em 250 pontos base entre julho e dezembro. E frisou na última reunião que “espera continuar a aumentá‑las significativamente, porque a inflação permanece demasiado elevada e se projeta que continue acima do objetivo [de 2%] durante demasiado tempo”. Em concreto, a presidente do BCE, avançou que o mercado deverá esperar “subidas das taxas de juro a um ritmo de 50 pontos base durante algum tempo".
Os economistas ouvidos pela Bloomberg acreditam que as taxas dos depósitos subam dos atuais 2% para o máximo de 3,25% em maio. E para alcançar este pico, taxa diretora deverá subir em três fases:
- Aumento de 50 pontos base em fevereiro;
- Aumento de 50 pontos base em março;
- Aumento de 25 pontos base em maio ou junho.
Depois, em julho, os especialistas acreditam que os juros diretores deverão recuar em 25 pontos base, descendo para 3%. E aqui deverão permanecer até ao final do ano, antecipam ainda no artigo publicado esta segunda-feira, dia 16 de janeiro.
Este cenário previsto pelos economistas da Bloomberg não vai ao encontro da visão do próprio BCE, já que a maioria dos seus membros acredita que depois de as taxas de juro diretoras atingirem o seu pico máximo, deverão permanecer nesse patamar e não descer.
Inflação subjacente continua a subir no espaço europeu
As decisões de política monetária dependem da evolução da inflação ao longo dos meses. A verdade é que a inflação na Zona Euro tem dado sinais de descida nos últimos meses: em dezembro recuou para 9,2%, um valor inferior à registada em novembro (10,1%) e em outubro (9,6%).
Mas a inflação subjacente - que exclui a energia e os bens alimentares não transformados, que são preços mais voláteis – continua a crescer no espaço europeu. "Enquanto a inflação subjacente não atingir um pico, uma alteração na inflação não irá mudar a nossa determinação", referiu o governador do Banco Central da Áustria, Robert Holzmann, na semana passada, citado pela mesma publicação.
A inflação subjacente deverá atingir uma média de 5,1% este trimestre, estimam os economistas ouvidos pela Bloomberg. E só depois deverá cair gradualmente para os 3,5% no último trimestre de 2023.
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