Recentes dados económicos sustentam novo aumento dos juros diretores de 50 pontos em março, admite economista-chefe do BCE.
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Subida dos juros pelo BCE
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No final da reunião de política monetária realizada no passado dia 15 de fevereiro, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE) deixou bem claro que iria voltar a subir as taxas de juro diretoras em 50 pontos base em março, para travar a alta inflação que ainda se faz sentir na Europa. E, agora, Philip Lane, economista-chefe do BCE, veio a público dizer que a perspetiva de aumentar os juros diretores em 50 pontos continua “sólida”, até porque é sustentada pelos dados económicos mais recentes.

"A nossa avaliação realizada em dezembro permanece sólida: precisávamos de uma sequência de subidas de 50 pontos base" para garantir que "as taxas de juro estão apertadas o suficiente", de forma a que a inflação na Zona Euro desça para os 2%, o nível em que é assegurada a estabilidade de preços, disse Philip Lane em entrevista à Reuters publicada no site do BCE. 

"Desde então, o fluxo de dados obtidos sugere que a avaliação é sólida e que precisamos de um novo aumento de 50 pontos base em março”, garante o economista-chefe do regulador europeu.

Também Christine Lagarde reforçou recentemente, em entrevista ao The Economic Times, que o BCE vai continuar a subir o preço do dinheiro para conter a inflação em conformidade com o objetivo a médio prazo de 2%.

BCE volta a subir juros
Philip Lane, economista-chefe do BCE Flickr | Wikimedia Commons

Política monetária do BCE "está a funcionar"

"Há evidências significativas de que a política monetária está a funcionar”, garantiu o economista-chefe do BCE na mesma entrevista, acrescentando que há muitos indicadores que dizem que as pressões inflacionárias na energia, alimentos e bens de consumo devem "diminuir" no futuro. Mas, para já, Philip Lane admite que “os preços reais dos bens ainda são muito altos".

Importa recordar que a inflação na Zona Euro já tem dado sinais de descida há três meses consecutivos, tendo-se fixado em 8,6% em janeiro de 2023, segundo os dados do Eurostat. Também em Portugal tem-se sentido uma diminuição da inflação há quatro meses, uma taxa que se situou em 8,2% em fevereiro de 2023, segundo apontam os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística esta terça-feira divulgados.

A ideia do BCE passa não só por baixar a inflação, como também por assegurar que se mantém estável no médio e longo prazo. Foi isso mesmo que a presidente do regulador europeu frisou à mesma publicação: "Queremos não só trazer a inflação de volta aos 2%, mas também mantê-la nesse nível de forma sustentável". E para que isso aconteça é também preciso que os governos dos vários países europeus assegurem que as suas medidas de apoio sejam temporárias e direcionadas para quem mais precisa.

Sobre a evolução dos juros diretores, Philip Lane concorda "absolutamente com a filosofia de política monetária de que, seja qual for o ponto final, devemos descer lentamente até que tenhamos evidências muito sólidas, não apenas na previsão, mas também na nossa avaliação contínua da inflação subjacente, de que estamos a trazer a inflação de volta para a meta de 2%".

*Com Lusa

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