
Mesmo num clima de incerteza pautado pela alta inflação, subida de juros e de instabilidade financeira, os níveis de confiança estão a subir. Quem o diz é o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quinta-feira, dia 30 de março: “O indicador de confiança dos consumidores aumentou entre dezembro e março”, sobretudo, porque há perspetivas mais positivas quanto ao poder de compra. Também o indicador de clima económico aumentou entre janeiro e março, invertendo o movimento descendente iniciado há um ano, adiantou o instituto, dando nota que o setor da construção contribuiu positivamente para este resultado.
Confiança das famílias aumenta: porquê?
“O indicador de confiança dos consumidores aumentou entre dezembro e março, de forma ligeira no último mês, interrompendo o perfil negativo dos três meses anteriores, que culminou, em novembro, no valor mais baixo desde abril de 2020 no início da pandemia”, explica o INE no boletim esta quinta-feira publicado.
Mas o que é que mais contribuiu para o aumento da confiança das famílias num momento de alta incerteza? “A evolução do indicador no último mês resultou do contributo positivo das perspetivas de evolução futura da realização de compras importantes por parte das famílias”, esclarece ainda o instituto.
A verdade é que há expectativas futuras a evoluir em sentido contrário, que travam a subida de confiança dos portugueses:
- a expectativa de evolução futura da situação económica do país diminuiu em março, depois de ter atingido em fevereiro o valor mais elevado no último ano;
- a perspetiva sobre a evolução futura da situação financeira do agregado familiar diminuiu ligeiramente em março, aumentos registados nos quatro meses precedentes;
- o saldo das perspetivas relativas à evolução futura dos preços diminuiu no último mês, retomando a trajetória marcadamente descendente observada desde março de 2022, quando atingiu o valor máximo da série.

Clima económico está ligeiramente mais positivo em março
“O indicador de clima económico aumentou entre janeiro e março, de forma ligeira no último mês, invertendo o movimento descendente iniciado há um ano”, escreve o INE. E quais foram os setores de atividade que registaram uma evolução positiva nos níveis de confiança? “Os indicadores de confiança da Indústria Transformadora e da Construção e Obras Públicas aumentaram relativamente a fevereiro, tendo diminuído no Comércio e, de forma expressiva, nos Serviços”, explica ainda.
Por outro lado, as expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda diminuíram, “de forma expressiva” entre novembro e março na Indústria Transformadora, atingindo o valor mais baixo desde outubro de 2020, e também no Comércio, registando o nível mais baixo desde outubro de 2021. Já na Construção e Obras Públicas e nos Serviços verificaram-se reduções moderadas.

Construção mais confiante em março – mas subida de juros preocupa setor
Há dois fatores que explicam a subida dos níveis de confiança no segmento da Construção e Obras Públicas em março: as apreciações sobre a carteira de encomendas e perspetivas de emprego (de forma ligeira neste último caso). Além disso, há mais confiança na divisão de promoção imobiliária e construção de edifícios.
Mas nem tudo corre bem, havendo níveis de confiança a cair noutros aspetos do mundo da construção:
- os níveis de confiança caíram nas divisões de engenharia civil e de atividades especializadas de construção;
- o saldo das perspetivas de preços praticados pela empresa nos próximos três meses diminuiu em fevereiro e março, retomando o perfil descendente iniciado em julho.
- o saldo das apreciações da atividade nos últimos três meses diminuiu em fevereiro e março, de forma mais acentuada no último mês, após ter aumentado em dezembro e janeiro.
“Nos principais fatores limitativos à atividade indicados pelas empresas, a evolução das taxas de juro tem vindo a ganhar relevo nos últimos meses, tendo a percentagem de empresas que referiu este fator atingido o máximo desde agosto de 2014”, explica ainda o INE.

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