
Falta menos de uma semana para arrancar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, aquele que é considerado o maior evento da Igreja Católica. E o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, garante que está “tudo preparado” para acolher os peregrinos vindos de todo o mundo, assim como o Papa Francisco que vai marcar presença no evento. Até porque é esperado um “retorno absolutamente extraordinário” para a cidade, que pode chegar a 400 milhões de euros, calcula o autarca. Este será um valor muito superior ao investimento municipal no evento, que se mantém dentro do limite de 35 milhões de euros.
“A questão aqui não é um evento para a Igreja Católica, é um evento para todos os jovens do mundo e é um evento que terá um retorno absolutamente extraordinário para aquilo que é a cidade”, afirmou Carlos Moedas (PSD), em entrevista à agência Lusa.
Procurando fazer contas ao retorno económico, o autarca de Lisboa indicou que, se um milhão de jovens participar na JMJ, estiver na cidade sete ou oito dias e gastar 40 ou 50 euros por dia, resultará numa “quantia de 200 a 300 euros, no mínimo, que cada pessoa destas traz para Lisboa, multiplicado por um milhão, são 200, 300 ou 400 milhões” de euros.
“Estamos a falar aqui em centenas de milhões de euros [….]. Neste caso, podemos retirar o fator religioso, tirar aqui esse fator de que é um evento religioso, até porque eu penso que o Papa quer que seja um evento para todos os lisboetas, e, retirando esse fator, nós temos aqui um retorno que é muito maior do que qualquer outro evento teve alguma vez para a cidade”, reforçou o presidente da câmara, que diz que não participa religiosamente, tal como fez em “eventos de variadíssimas religiões”.

Impacto da JMJ na procura turística tem impacto na habitação?
Sobre o impacto da JMJ no aumento da procura turística, que pode ter consequências no acesso à habitação, o autarca da capital defendeu que “o turismo é importante para cidade, mas não é o turismo que está a retirar casas às pessoas”. “O turismo dá trabalho às pessoas, cria empregos”, sublinhou.
“Se a Jornada Mundial da Juventude tem um impacto negativo na habitação em Lisboa? Não, não tem. A Jornada Mundial da Juventude é um evento durante sete dias, em que as pessoas vêm a Lisboa, estão cá sete dias, depois vão-se embora, e nesses sete dias vão gastar 200 ou 300 milhões de euros a consumir e, portanto, com impacto económico direto positivo na cidade”, frisou.
Relativamente à aprovação de novos hotéis na cidade, Carlos Moedas disse que “não é a vontade política do presidente da câmara que decide se há mais hotéis ou menos hotéis”, explicando que tal está previsto no Plano Diretor Municipal, que dá direito aos proprietários para investir consoante o que está definido.

Tejo-Trancão transformado em parque verde
Sobre as obras de revitalização do Parque Tejo e de outros trabalhos realizados para acolher a JMJ, Carlos Moedas faz um balanço “positivo”. Até porque, antes, Parque Tejo-Trancão “estava completamente cheio de lixo, abandonado”. E, agora, este espaço foi transformado num parque verde, com mais de 30 hectares, com uma ponte ciclo-pedonal e com um altar-palco, infraestruturas que foram construídas a propósito da JMJ e que irão ficar para fruição da cidade no futuro.
“Conseguimos criar, assim como se fez na Expo, na altura [em 1998] um projeto que era imobiliário, aqui fizemos um pulmão verde para a cidade de Lisboa e esse pulmão já está à vista das pessoas, ou seja, essa obra está feita”, declara o autarca de Lisboa, destacando ainda o investimento em equipamentos para os bombeiros, para a polícia municipal e para a proteção civil, que ficarão após o evento como “um legado à cidade”.
Apesar de assegurar que está “tudo preparado”, Carlos Moedas reconhece que “a preocupação é diária e será sempre até ao fim da Jornada Mundial da Juventude”, afirmando que as obras que o município tinha de fazer estão concluídas, o que permite “ter a capacidade de transmitir para o mundo que Lisboa é uma cidade que muito antes do evento já tinha tudo preparado”, contrariando a ideia de que em Portugal, “muitas vezes, tudo é feito à última da hora, que é preciso o improviso”.
Essa preocupação diária é vivida “com uma tranquilidade de quem já fez aquilo que era necessário fazer”, adianta o autarca, referindo que há “mais de 3.500 pessoas da câmara” a trabalhar todos os dias na JMJ, “para que tudo corra bem”.

Câmara de Lisboa garante que obras estão prontas e investimento é de 35 milhões
Sobre o investimento do município na JMJ, Carlos Moedas garante que será até 35 milhões de euros, dos quais 25 milhões são investimento na cidade e 10 milhões no evento. Como exemplo deu o parque verde do Tejo-Trancão e a ponte ciclo-pedonal, que assegura a ligação entre Lisboa e Loures e permite um percurso na frente ribeirinha desde Vila Franca de Xira até Cascais, com um total de 60 quilómetros. Além disso, o palco-altar deverá acolher outros eventos no futuro.
O presidente da câmara afasta a ideia de derrapagens no custo de obras para a JMJ, que foram adjudicadas aos preços que foram anunciados, mas reforça que todas as contas serão vistas pelo Tribunal de Contas.
Relativamente a custos indiretos associados à JMJ, como o desconto de 50% no acesso a espaços culturais da cidade para os peregrinos, o autarca diz que se trata de receita que a câmara abdica e não de “investimento puro e duro”, considerando que esse montante “é marginal”.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a JMJ, com o Papa Francisco, de 1 a 6 de agosto. Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a jornada nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso de um encontro com jovens em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures, e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.
*Com Lusa
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