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Sabias que o crédito pode ser uma forma inteligente de gerir o dinheiro?
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Artigo escrito por João Raposo, partner da Reorganiza, para o idealista News Portugal, no âmbito da rubrica "Trocado por Míudios"

Nos tempos que correm deves achar estranho ouvir falar de crédito, uma vez que é comum a ideia de que os portugueses estão a pagar uma fatura muito elevada pelo recurso facilitado e generalizado ao crédito. Contudo, é importante esclarecer que o crédito pode ser bom e até uma forma inteligente de gerir o dinheiro.

O problema do crédito é que muitas vezes as pessoas recorrem a ele para finalidades supérfluas, ou então, porque estão a querer assumir gastos acima das suas possibilidades. A verdade é que fazer um crédito é “simplesmente” comprar dinheiro numa loja que existe para isso mesmo. Quando uma pessoa financia-se a crédito está a antecipar um consumo com dinheiro que não é seu. Isto é, compra dinheiro a outrem, que terá necessariamente um ganho com essa venda – a taxa de juro.

Cada um deverá saber se o financiamento que procura está dentro do que chamamos de “crédito bom” ou “crédito mau”. Não vale a pena perguntar aos senhores dos bancos se o que estamos a procurar é bom ou mau, pois já sabemos qual a resposta que eles vão dar… Por isso, convém que sejas rigoroso na decisão de recorrer a crédito e na escolha de quem vais procurar para comprar dinheiro! Tendo claro que a decisão é pessoal, fica aqui a reflexão sobre a oferta comercial que as Instituições de crédito têm para o chamado crédito universitário.

A primeira questão que se coloca diante de cada crédito é: justifica-se a finalidade?

Pensar na finalidade do crédito parece uma coisa óbvia mas muitas vezes é descurada. Repara a quantidade de pessoas que faz um crédito para adquirir um televisor só porque é mais moderno, mas que ficam a pagá-lo durante sete ou oito anos, altura em que por vezes já nem existe o televisor! Ora, recorrer ao crédito para uma formação universitária é um bem intangível e que perdurará para toda a vida, sendo mesmo um investimento que poderá permitir-te ter um salário mais elevado e ter outras perspetivas de carreira… por isto a finalidade é mais justificada.

A segunda questão é o prazo. Quanto maior o prazo maior deverá ser a cautela de assumires o compromisso pelo crédito, pois estás mais exposto ao risco de veres as tuas circunstâncias alteradas e assim não conseguires cumprir com as responsabilidades que hoje parecem fáceis, mas que amanhã podem deixar de ser. Se fizeres uma pesquisa pela oferta de crédito universitário constatas que os prazos podem ir de 12 a 192 meses, sendo que em muitos bancos tens possibilidade de amortizares antes do tempo e/ou usufruir de período de carência de capital, isto é, nos primeiros anos pagas apenas a parte referente aos juros e só depois, quando estiveres provavelmente numa carreira melhor remunerada, possas pagar a prestação mais elevada.

A terceira questão é a taxa de juro, que é o mesmo que dizer: o custo real do empréstimo. As taxas de juro que os bancos cobram têm de contemplar o risco que eles suportam ao emprestar o dinheiro. Neste caso o risco do banco é menor que o normal crédito pessoal, pois a finalidade de um crédito pessoal está totalmente em aberto, na medida em que o cliente pode facilmente utilizar o dinheiro para fins que ofereçam maior risco de incumprimento, por isso encontras taxas de juro mais elevadas nos créditos pessoais “normais” do que nos créditos universitários.

As taxas de juro para o crédito a universitários podem oscilar entre os 3,308% e 14,58%. Contudo, é muito importante verificares que há vários bancos que correlacionam a taxa de juro ao desempenho académico obtido, isto é, quanto melhores notas o estudante tiver, mais baixo será o custo do financiamento!

Por último, é importante que tenhas critério na escolha da instituição de crédito com a qual queres trabalhar. Verifica bem os custos que podem vir associados às condições que te apresentam e às obrigatoriedades em subscrever outros produtos (como cartão de crédito). Escolhe sempre conforme as reais necessidades que tens. Não deixes que outros inventem necessidades por ti!

Uma vez que a maioria dos estudantes universitários não consegue oferecer condições para a banca disponibilizar crédito universitário, o Estado disponibiliza através de sete bancos comerciais uma oferta mais vantajosa, mas limitada (Caixa Geral de Depósitos, Montepio, BPI, Santander, Banco Espírito Santo, Millennium e Crédito Agrícola).

Todos os anos o acesso ao Sistema de Garantia Mútua (SPGM) disponibiliza uma verba com condições especiais para apoiar os estudantes, sem que eles tenham de estar a trabalhar. Os estudantes podem financiar-se até 5.000 euros por ano (entregues em tranches mensais) e, nestes casos, as taxas de juro podem atingir níveis de 1%. Os valores disponibilizados são definidos cada ano pelo Orçamento do Estado.

O tempo é de dificuldades, mas a oportunidade de estudar (em Portugal ou no Estrangeiro) é um valor de preço incalculável. Sejas estudante, ou pai ou mãe de filhos em idade universitária, investe na educação pois o retorno pode ser mais elevado que qualquer outro ativo!

 

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