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Fernando Ulrich, presidente do BPI

O Caixa Bank concretizou na passada terça-feira o que há muito se especulava que um dia iria acontecer. Os espanhóis, que já são donos de 44,1% do BPI, decidiram agora lançar uma OPA (oferta pública de aquisição) sobre a totalidade do capital do banco português, liderado por Fernando Ulrich. Mas porquê agora e com que objetivo?

Estas são algumas das respostas que podes encontrar neste guia rápido para melhor entenderes a operação que marca o arranque do ano, preparado pelo Observador.

Que operação é esta?

O CaixaBank anunciou na terça-feira, 17 de fevereiro de 2015, uma proposta pública de compra do capital que ainda não detém no BPI. Os espanhóis já detêm 44,1% do capital social e propõem-se comprar a totalidade (100%) do banco do qual já são o maior acionista individual.

A oferta está condicionada à obtenção de, pelo menos, 50% do capital, pelo que as ordens de venda dos investidores que aceitem a oferta só terão efeito se o CaixaBank conseguir persuadir, pelo menos, 5,9% do capital a vender as suas ações aos espanhóis.

Os espanhóis do Caixabank estão a oferecer 1,329 euros por cada ação do BPI, um prémio de 27,4% face ao preço de fecho de segunda-feira na bolsa de Lisboa e um valor em linha com a média dos últimos seis meses.

A oferta avalia o banco num total de mais de 1.900 milhões de euros.

Quem é o CaixaBank?

O CaixaBank é um banco catalão, com sede em Barcelona, controlado pelo Grupo La Caixa. Desde 2010, adquiriu cinco bancos em território espanhol, sendo que o BPI é a primeira tentativa de compra fora de Espanha.

Os bancos comprados foram, principalmente, antigas cajas que tinham entrado em grandes dificuldades em 2010. O CaixaBank absorveu a Caixa Girona, o Bankpyme, a Banca Cívica, o Banco de Valencia. Mais recentemente, comprou também as operações bancárias do Barclays em Espanha.

É o terceiro maior banco de Espanha, com um valor de mercado de 22,8 mil milhões de euros e que viu as ações subirem mais de 35% nos últimos 12 meses, a beneficiar da melhoria das perspetivas económicas em Espanha e do amenizar da crise da dívida na zona euro. Em 2014, o grupo teve lucros de 620 milhões de euros.

O que terão a dizer os outros acionistas de referência?

O Grupo La Caixa é o principal acionista individual do BPI, com 44,1% do capital social. Contudo, pelas regras estatutárias do banco, nenhum acionista pode acumular mais de 20% dos direitos. Será, por isso, necessário convocar uma assembleia-geral de acionistas e esta alteração terá de ser aprovada por 75% do capital.

A Santoro, de Isabel dos Santos, é a segunda maior acionista, com 18,6%, e o grupo alemão Allianz tem 8,4%. O

Porquê agora?

A OPA surge numa altura em que o BPI enfrenta um grande problema criado pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a exposição a Angola.

Novas regras de regulação na zona euro tornaram, a partir de 2015, mais penalizadora para o BPI a exposição ao Estado angolano através da dívida pública que está no Banco Fomento Angola (BFA), onde o BPI é acionista maioritário com 50,1%. Na prática, o BCE deixou de atribuir equivalência na regulação e supervisão ao banco central angolano, o Banco Nacional de Angola (BNA), o que impossibilita que o BPI continue a contabilizar essa exposição como tem vindo a fazer, no que diz respeito ao risco da carteira e aos rácios de capital.

A descida dos rácios de capital que isto implicaria poderia levar a que o BPI tivesse de tomar medidas para reforçar a solidez do capital face aos ativos e ao risco assumido pelo banco.

A descida das ações desde meados de dezembro terá sido um sinal de que os investidores receiam que o BPI tenha de fazer um aumento de capital ou, em alternativa, que tenha de reduzir drasticamente a exposição a Angola, que tem sido uma fonte importante de rentabilidade para o BPI.

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