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O Banco Central Europeu (BCE) tem bem claro que a banca joga um papel fundamental no cenário económico europeu atual. Com uma recuperação lenta e a inflação longe do seu objetivo, a máxima autoridade monetária da eurozona está convencida de que uma maior fluidez do crédito às famílias e empresas é a via mais rápida para acelerar o crescimento e impulsionar a subida dos preços. Se há crédito à habitação, ao consumo e ao investimento, acredita o BCE, haverá mais atividade.

Pelo menos, isso é o que deixou perceber o guardião do euro na sua última reunião oficial do ano, na qual decidiu penalizar ainda mais as entidades financeiras que não façam circular o dinheiro e, ao mesmo tempo, ampliar por mais tempo o seu multimulionário programa de estímulos. Duas medidas que poderão trazer mais crédito e mais barato.

"As nossas novas medidas garantem as condições financeiras vantajosas e vão fortalecer e vão fortalecer ainda mais o impacto das medidas adoptadas no passado, que tiveram efeitos positivos significativos nas condições de financiamento, de crédito e na economia real. As decisões também reforçam o impulso da recuperação económica da zona euro e a sua capacidade de resistência frente aos últimos choques económicos globais", assegurou esta quinta feira o presidente do BCE, Mario Draghi, após a reunião.

Em concreto, uma das decisões que anunciou a instituição foi a de reduzir a taxa que aplica sobre os depósitos, que a partir de agora estará em -0,3%, contra os- 0,2% anteriores. A medida começa a funcionar no próximo dia 9 de dezembro.

Recorde-se que uma prática comum das entidades financeiras é guardar nos bancos centrais o excedente de liquidez (o que o mercado chama de depósitos overnight). Até há uns anos, as autoridades monetárias remuneravam este tipo de depósitos (o que significa que os bancos conseguiam rentabilidade por deixar o dinheiro parado), sendo que com a crise e a contração do crédito levaram o BCE a levar a remuneração em terreno negativo em meados de 2014. 

Mais seis meses de compra de dívida

A outra medida que colocou em marca a autoridade monetária foi a de ampliar o famoso programa de compra de dívida, batizado como QE. Este plano, ativado no passado mê de março, consiste na compra mensal de até 60.000 milhões de ativos públicos e privados. Uma decisão que reduziu de forma generalizada a rentabilidade dos ativos e inundou o mercado de liquidez.

Neste sentido, e ainda que os investidores esperassem que o organismo aumentasse a quantidade mensal que compra, o BCE o que decidiu finalmente foi alargar a vigência do programa em seis meses, o que significa que estará ativo até março de 2017 (até agora, a data era setembro de 2016) e vai permitir ao organismo adquirir outros 360.000 milhões de euros adicionais. 

Desta forma, Draghi mantém os estimulos extraordinários pelo menos até à primavera de 2017, o que deixa antever que as condições de financiamento de empresas e famílias poderão seguir sendo vantajosas durante os próximos 15 meses.

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