O presidente do Benfica será hoje ouvido nas audições que os deputados estão a fazer aos grandes devedores do banco.
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O presidente da Promovalor, Luís Filipe Vieira, é esta segunda-feira (10 de maio de 2021) ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco (NB) no âmbito das audições que os deputados estão a fazer aos grandes devedores do banco. O (também) presidente do Benfica vai tentar explicar como é que a sua empresa imobiliária deixou um buraco de 181 milhões de euros.

De acordo com a notícia avançada pelo Correio da Manhã (CM), a Promovalor (constituída no ano de 2007 com um capital social de 50 mil euros) chegou a 2019 com um capital social de 90 milhões e 190 milhões de passivo. Segundo o mesmo jornal, entre julho de 2016 e até final de 2018, os créditos da Promovalor deram ao NB perdas de 181 milhões, mas como estes créditos estavam abrangidos pelo Acordo de Capitalização Contingente (ACC), foram os contribuintes que tiveram de pagar ao NB.

Vieira ouvido na comissão parlamentar

Luis Filipe Vieira vai hoje à Assembleia da República (AR), pelas 15h00, depois de ter pedido um primeiro adiamento da audição devido à realização de uma consulta médica. No dia 22 de abril, o presidente da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo NB e imputadas ao Fundo de Resolução, Fernando Negrão (PSD), revelou que Luís Filipe Vieira tinha pedido que “a audição fosse adiada para uma data posterior a uma consulta” que tinha marcada, segundo escreve a Lusa.

De acordo com dois relatórios de auditoria da PwC e da EY posteriores à resolução do BES que analisaram as exposições a grandes devedores, a Promovalor devia 304 e 487 milhões de euros, respetivamente, sendo a diferença atribuível ao perímetro de análise dos grupos.

No âmbito da comissão de inquérito, e relacionado com a dívida da Promovalor ao NB, já foi ouvido Nuno Gaioso Ribeiro, gestor da C2 Capital Partners, empresa que comprou créditos em dívida da empresa de Vieira ao NB.

Para a gestão da dívida da empresa do presidente do Benfica foi constituído um fundo denominado Fundo de Investimento Alternativo Especializado, em novembro de 2017, tendo sido “adquiridos ao NB 133,9 milhões de euros de créditos” e também “reestruturados pelo NB (isto é, mantiveram-se no balanço do banco) financiamentos existentes de 85,8 milhões de euros, perfazendo a operação o montante total de 219,7 milhões de euros”, segundo o gestor.

Nuno Gaioso Ribeiro, que coincidiu com Luís Filipe Vieira durante oito anos (2012 a 2020) na direção do Benfica e da Benfica SAD como vice-presidente e administrador, respetivamente, rejeitou a existência de um “canal de influência” no clube para reestruturar a dívida da Promovalor, empresa do presidente benfiquista.

“Quando o senhor deputado diz ou insinua que continua a haver e que existia um canal de influência, isso é absolutamente falso e insultuoso para a minha parte. O senhor deputado não pode imaginar que pessoas que integram a direção do Benfica, não remuneradamente, mantendo uma vida profissional” passam a “violar os seus deveres profissionais”, respondeu Nuno Gaioso Ribeiro ao deputado do PS João Paulo Correia no dia 27 de abril.

Apelidando de “conversa de café” a possibilidade de existir qualquer conflito de interesses, Nuno Gaioso Ribeiro reconheceu, no entanto, que o facto de a Promovalor conhecer os serviços da sua empresa “pode ter sido importante para o devedor e isso pode ter dado tranquilidade”. Questionado pela deputada Mariana Mortágua sobre se alguma vez tinha discutido “os negócios da Capital Criativo [anterior designação da C2 Capital Partners] com Luís Filipe Vieira”, Gaioso Ribeiro negou.

Nuno Gaioso Ribeiro disse também desconhecer “o histórico de financiamento entre o NB e o devedor”, e que a C2 Capital Partners “nunca teve qualquer participação acionista ou intervenção na gestão da sociedade devedora”, a Promovalor.

Nuno Gaioso Ribeiro afirmou ainda que “têm existido dificuldades operacionais no fundo que podem comprometer, nesta conjuntura inesperada e no curto prazo, alguns objetivos previstos atingir ao fim de cinco anos”, decorrentes da demora da inclusão de ativos no fundo e outras relacionadas com “litígios complexos”, dificuldades “muito agravadas, por fim, pela pandemia”.

*Com Lusa

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